Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Marx ecológico? uma crítica

2011; Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ambiente e Sociedade (ANPPAS); Volume: 14; Issue: 1 Linguagem: Português

10.1590/s1414-753x2011000100014

ISSN

1983-0211

Autores

Guilherme Ribeiro,

Tópico(s)

Urban Development and Societal Issues

Resumo

A Ecologia de Marx: Materialismo e Natureza, de John Bellamy Foster, publicado originalmente no ano 2000 e traduzido em portugues em 2005, nao e um livro despretensioso. Independente de abordar uma questao ja bastante discutida pela literatura marxista — a saber, o papel da natureza na obra de Marx —, Foster deseja ir alem. Para ele, o pensamento marxiano e integralmente ecologico; o materialismo historico-dialetico seria indissociavel de uma preocupacao “ecologica” em relacao a natureza. Estamos diante de um livro bem-documentado. Tal virtude esta diretamente ligada a tessitura argumentativa elaborada por Bellamy Foster, autor conhecido no Brasil por ser um dos organizadores da coletânea Em defesa da historia: marxismo e posmodernismo (Bellamy Foster & Wood, 1999 [1997]). Nesta coletânea, ele assina dois artigos. Um deles chama-se “Marx e o meio ambiente”, onde podemos encontrar parte das teses desenvolvidas no que viria a se transformar em livro. Conforme ele, as raizes do materialismo de Marx devem ser procuradas em Epicuro, pensador que nao foi devidamente valorizado no âmbito da reflexao sobre Marx quanto o foi no que diz respeito a suas influencias sobre a Ciencia Moderna. E assim que este pensador grego ocupa praticamente todo o livro. No limite, uma leitura mais critica diria que Epicuro aparece mais do que o proprio Marx. De fato, embora o livro deva receber creditos por iluminar determinados aspectos ao redor do materialismo envolvendo Malthus, Marx e Darwin — ainda que recaia no discurso ja tao conhecido das criticas de Marx a Hegel e a Feuerbach, bem como em uma defesa obsessiva e nem sempre convincente da dialetica —, parece que ele acabou por ampliar demais a discussao e, assim, negligenciar seu principal personagem. Nesse sentido, se o livro fosse intitulado “A ecologia de Marx: as referencias formadoras” seria mais adequado, diante dos resultados do conteudo apresentado propriamente dito. Se estivessemos a analisar uma tese de doutorado, a advertencia seria inequivoca: ma delimitacao do objeto de pesquisa...

Referência(s)