Artigo Acesso aberto Produção Nacional

A aprendizagem matemática em uma posição de fronteira: foregrounds e intencionalidade de estudantes de uma favela brasileira

2012; UNIVERSIDADE EST.PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO; Volume: 26; Issue: 42a Linguagem: Português

10.1590/s0103-636x2012000100011

ISSN

1980-4415

Autores

Ole Skovsmose, Pedro Paulo Scandiuzzi, Paola Valero, Helle Alrø,

Tópico(s)

Rural and Ethnic Education

Resumo

Nas grandes metrópoles, estudantes de diferentes bairros podem experimentar oportunidades de vida muito diferentes, o que pode influenciar suas atitudes em relação à escola e à aprendizagem, incluindo a aprendizagem da matemática. Entrevistamos um grupo de seis estudantes de uma favela em uma grande cidade do interior do estado de São Paulo, Brasil, pedindo para que olhassem para o seu futuro e refletissem sobre se poderiam ter ou não motivos para aprender a matemática escolar, tanto em termos das profissões a que visavam quanto em relação à possibilidade de ascender ao ensino superior. Nos relatos desses estudantes identificamos alguns temas. O primeiro deles foi discriminação. Os estudantes se sentem discriminados devido ao fato de virem de um bairro pobre, e receiam estar rotulados segundo algum estereótipo. O segundo tema foi fuga. Há uma forte motivação para iniciar uma nova vida longe da favela. O terceiro tema diz respeito à obscuridade da matemática. Embora pareça claro a esses estudantes que a educação é relevante para assegurar uma mudança na vida, as aulas de matemática não parecem proporcionar qualquer indício a respeito de sua importância. O quarto tema é incerteza a respeito do futuro. Ao mesmo tempo em que aspiram a condições específicas, a realidade lhes apresenta grandes limitações. Neste artigo introduzimos um sistema teórico para discutir a relação entre as condições de vida dos estudantes da favela em relação às suas experiências e oportunidades educacionais. As intenções de aprendizagem dos estudantes estão relacionadas com seus foregrounds, ou seja, ao que eles percebem como sendo suas possibilidades futuras a partir de seu ambiente social. Os estudantes em uma favela vivem no que chamamos de posição de fronteira, um espaço no qual indivíduos conhecem seu ambiente social e chegam a um acordo face às múltiplas escolhas que a diversidade cultural e econômica torna disponíveis para eles.

Referência(s)