
A serotonina inibe reações de pânico? Um estudo de depleção de triptofano em pacientes portadores de transtorno de pânico em remissão após tratamento com paroxetina
2003; UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; Volume: 30; Issue: 3 Linguagem: Português
10.1590/s0101-60832003000300005
ISSN1806-938X
Autores Tópico(s)EEG and Brain-Computer Interfaces
ResumoO sistema serotonergico parece ter efeitos contraditorios sobre a expressao de sintomas de ansiedade. De modo a melhor entender as evidencias convergentes, Deakin e Graeff (1991) propuseram um modelo em que a resposta de ansiedade a riscos distantes induziram respostas de ansiedade antecipatoria potencializadas por aferencias excitatorias 5-HT provenientes do nucleo medial da rafe para a amigdala e a porcao CA3 do hipocampo em que ativariam receptores do tipo 2C pos-sinapticos. Por outro lado, as aferencias provenientes do nucleo dorsal da rafe apresentariam efeito inibitorio sobre a substância cinzenta periarquedutal que controlaria respostas de fuga ou luta especie-especificas. Essas reacoes sao postuladas pelos autores como envolvidas na fisiopatologia dos ataques de pânico em humanos. Para testar essa hipotese, Bell et al., em trabalho realizado no Servico do Prof. David Nutt na Universidade de Bristol, realizaram um estudo de deplecao aguda de triptofano (metodologia descrita em Young et al., 1985) em 14 sujeitos com transtorno de pânico que haviam conseguido remissao total dos sintomas com a administracao de um antidepressivo de acao preferencialmente serotonergica, a paroxetina. Os pacientes ingeriram, em duas situacoes distintas, uma solucao destituida de triptofano ou uma solucao controle, sendo a primeira solucao capaz de reduzir em 87% as concentracoes plasmaticas de triptofano. Observaram-se crises de pânico induzidas pelo teste provocativo com flumazenil em 7 dos 14 pacientes que receberam a droga ativa flumazenil em um estado de deplecao de serotonina e em apenas 1 deles na situacao controle. A importância deste estudo foi que pela primeira vez demonstrou-se que, em pacientes com transtorno de pânico tratados com antidepressivos serotonergicos, a manutencao de uma biodisponibilidade elevada de serotonina esta associada com seu efeito na terapia de manutencao.
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