O lugar da ciência no mundo dos valores e da experiência humana
2009; Volume: 7; Issue: 4 Linguagem: Português
10.1590/s1678-31662009000400010
ISSN2316-8994
Autores Tópico(s)Science and Education Research
ResumoIntroduçãoHusserl, escrevendo na década de 30 do século passado, defendeu que as ciências estão em crise -não que os notáveis resultados teóricos e práticos das ciências estão em dúvida ou alcançando os limites de seu desenvolvimento, mas que a maneira pela qual as ciências estão sendo conduzidas envolvem "uma negligente renúncia das questões que são decisivas para uma humanidade genuína" (Husserl, 1970, p. 6).O "significado [das ciências] para a existência humana" (p. 5) -seu valor -não é nem compreendido e nem um tema de preocupação para aqueles que deliberam sobre como, e de acordo com quais prioridades, as ciências devem ser conduzidas.Uma das fontes da crise, Husserl diagnostica, é a dissociação entre as ciências e o mundo da vida e, especificamente, "a substituição sub-reptícia, pelo mundo das idealidades fundado matematicamente, do único mundo real, o mundo que é dado atualmente pela percepção, mundo que sempre é experienciado ou experienciável -nosso mundo da vida cotidiano" (p.48-9), isto é, "o mundo da vida pré e extra-científico, o qual contém em seu interior toda a vida atual, incluindo a vida científica do pensamento, e que alimenta [a intuição original] como origem de todas as construções técnicas de sentido" (p.59).O "mundo das idealidades" exclui toda subjetividade humana e suas articulações não deixam lugar para categorias de valor: "a verdade científica, objetiva, é exclusivamente uma questão de estabelecer o que o mundo, tanto o mundo físico quanto o mundo humano, é de fato" (p. 6).Essa substituição sub-reptícia do "único mundo real" pelo "mundo das idealidades" ocorre tanto para as pessoas comuns quanto para os praticantes da ciência: "a visão de mundo total do homem moderno (...) [se deixou] determinar pelas ciências positivas e se deixou cegar pela prosperidade que elas produziram" (p. 6).Por conseguinte, a capacidade de discussão dos
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