
O mundo contemporâneo do trabalho e a saúde mental do trabalhador
2010; Fundacentro; Volume: 35; Issue: 122 Linguagem: Português
10.1590/s0303-76572010000200002
ISSN2317-6369
AutoresEdith Seligmann-Silva, Márcia Hespanhol Bernardo, Maria Maeno, Mina Kato,
Tópico(s)Youth, Drugs, and Violence
ResumoA globalizacao financeira e a mundializacao da precarizacao social, junta-mente com as inovacoes tecnologicas e as novas formas de gestao, causaram rapidas transformacoes no mundo do trabalho. No entanto, o pensamento tradicional das areas da Medicina do Trabalho, da Saude Ocupacional e da Psicologia da pouca atencao para essas mudancas e para o aspecto do tra-balho como mediador de integracao social, seja pelo valor economico, seja pelo valor cultural, com importância fundamental na constituicao da sub-jetividade de todas as pessoas. Nas duas primeiras areas continua a se prio-rizar os aspectos fisicos, mecânicos, quimicos e biologicos dos ambientes laborais como fatores de risco a saude dos trabalhadores, enquanto que, na ultima, a atencao ainda se concentra nos aspectos intrassubjetivos e, quando muito, estende-se aos intersubjetivos. Os aspectos sociais, economicos e or-ganizacionais, assim como os processos psicossociais em suas repercussoes sobre a subjetividade do trabalhador, sao minimizados ou ignorados.A influencia das caracteristicas atuais do trabalho sobre a saude mental dos trabalhadores pode decorrer de inumeros fatores e situacoes, entre os quais, a exposicao a agentes toxicos, a altos niveis de ruido, a situacoes de risco a integridade fisica, como, por exemplo, trabalho com compostos explosivos ou sujeitos a assaltos e sequestros, a formas de organizacao do trabalho e politicas de gerenciamento que desconsideram os limites fisicos e psiquicos do trabalhador, impondo-lhe frequentemen-te a anulacao de sua subjetividade para que a producao nao seja prejudi-cada e as metas estabelecidas sejam cumpridas. A separacao entre incluidos e excluidos tambem ja nao e tao nitida no contexto atual. Como explica o ensaio abrangente de Franco, Druck e Seligmann-Silva, apresentado neste dossie, “a precarizacao e um pro-cesso multidimensional que altera a vida dentro e fora do trabalho” (p. 231). Mesmo aqueles que se encontram em uma situacao aparentemente privilegiada, com vinculos de trabalho estaveis, experienciam frequente-mente a inseguranca e a competicao, vivendo a precariedade no trabalho sob a forma que Daniele Linhart (2009) denomina como “precariedade subjetiva”. De acordo com a autora, essa e uma das caracteristicas do trabalho contemporâneo, com modelos de administracao que impoem:
Referência(s)