
Perspectivismo: "tipo" ou "bomba"?
2011; Issue: 1 Linguagem: Português
10.11606/issn.2237-2423.v0i1p173-178
ISSN2237-2423
AutoresBruno Latour, Larissa Barcellos,
Tópico(s)Urban and sociocultural dynamics
ResumoParis, 30 de janeiro Quem disse que a vida intelectual de Paris estava morta? Quem disse que a antropologia nao mais era vivida e atraente? Aqui estamos, numa fria manha de janeiro, em uma sala cheia de pessoas de diversas disciplinas e de varios paises, avidas por ouvir um debate entre dois dos maiores e mais brilhantes antropologos1. O rumor circulou por salas de bate-papo e cafes: depois de anos fazendo alusoes aos seus desacordos, em particular ou por publicacoes, eles concordaram enfim em traze-los a publico. “Vai ser aspero”, me disseram; “vai ter sangue”. Na verdade, em vez da rinha esperada por alguns, a pequena sala na Rue Suger testemunhou uma disputatio, muito parecida com aquelas que devem ter tido lugar entre estudiosos fervorosos aqui, no coracao do Quartier Latin, por mais de oito seculos. Apesar de se conhecerem ha 25 anos, os dois decidiram comecar sua disputatio lembrando a plateia acerca do importante impacto do trabalho um do outro em suas proprias descobertas. Philippe Descola primeiramente reconheceu o quanto ele aprendeu com Eduardo Viveiros de Castro quando estava tentando se extirpar do binarismo “natureza versus cultura” ao reinventar a entao obsoleta nocao de “animismo” para entender modos diferentes de relacao entre humanos e nao humanos. Viveiros de Castro havia proposto o termo “perspectivismo” para um modo que nao poderia ser mantido dentro das limitadas estrituras de natureza versus cultura, ja que, para
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