Carta Acesso aberto Produção Nacional

Berinjela: que antecedente familial terrível!

2004; Editora da Universidade de São Paulo; Volume: 48; Issue: 4 Linguagem: Português

10.1590/s0004-27302004000400020

ISSN

1677-9487

Autores

Moacir Couto Andrade,

Tópico(s)

Child Nutrition and Feeding Issues

Resumo

A S como todas as síndromes cuja dieta constitui o único, ou principal, recurso terapêutico, incluindo a obesidade, o diabetes mellitus do tipo 2, as dislipidemias, dentre outras (1).Perante uma clientela inteligente e ávida de controlar doenças crônicas -a exemplo das supracitadas -e cujo único (ou principal) empecilho é o baixo nível socioeconômico, o endocrinologista brasileiro se vê no permanente dilema de escolher a estratégia terapêutica mais eficaz, mais barata e menos prejudicial em longo prazo; uma equação difícil envolvendo maior benefício, menor custo e menor risco em longo prazo.No dia-a-dia, o tratamento da hipercolesterolemia já deveria ser iniciado com dieta associada a uma estatina (2).De acordo com Mahley & Bersot (3), as estatinas são os agentes mais eficazes e melhor tolerados no tratamento das dislipidemias.No entanto, o alto custo das estatinas permanece inacessível à maioria dos pacientes brasileiros, subsistindo a dieta como a única opção terapêutica aparente.Do ângulo histórico, a noção de alimentos funcionais está relacionada à maior preocupação geral com a saúde (4).As fibras dietéticas se enquadram na definição de alimentos funcionais (ou nutracêuticos), i.e., substâncias biologicamente ativas com efeitos benéficos sobre a saúde, proporcionando, além das funções nutricionais básicas, a redução de doenças crônico-degenerativas (5).Outros componentes funcionais dos alimentos compreendem bactérias lácticas, vitaminas, oligossacarídeos, fitoquímicos, minerais, açúcares-álcool e ácidos graxos poliinsaturados (4).Um dos editoriais dos Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia (vol.48, n°3, p. 331-34, junho 2004), foi de particular interesse por discutir o uso indevido da berinjela no tratamento da hipercolesterolemia (6), uso esse também relatado por pacientes de Manaus (AM), mas efetuado de outra forma.Ao invés da berinjela industrializada, os frutos in natura foram integralmente triturados com água e consumidos livremente sob a forma de suco.De fato, a berinjela pertence a uma extensa família botânica (Solanaceae), com largo emprego na alimentação humana.Destarte, as solanáceas reúnem 94 gêneros e 2.950 espécies, dentre as quais figuram, além da berinjela (Solanum melongena L.), o tomate (Lycopersicum esculentum Mill.), o pimentão (Capsicum annuum L.), a batata (Solanum tuberosum L.) e o cúbio (Solanum sessiliflorum Dunal); este último de consumo mais regional (7-10).Folhas e frutos (sobretudo imaturos) de quase todas as espécies de solanáceas contêm glicoalcalóides (ou alcalóides glicosídicos), em especial os esteróides -solanina e -chaconina, com importância toxicológica atestada (atividades anticolinesterásica e hemolítica em especial) (11,12).Por isso, essa família botânica deve suscitar precaução mesmo no uso culinário esporádico (a partir de 20 mg/100g já pode causar risco à saúde)

Referência(s)