Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Características de comportamento do filho único vs filho primogênito e não primogênito

2004; Associação Brasileira de Psiquiatria; Volume: 26; Issue: 1 Linguagem: Português

10.1590/s1516-44462004000100007

ISSN

1809-452X

Autores

Marcelo Belmonte Tavares, Felipe Costa Fuchs, Felipe Telöken Diligenti, José Ricardo Pinto de Abreu, Luís Augusto Rohde, Sandra Cristina Pereira Costa Fuchs,

Tópico(s)

Global Maternal and Child Health

Resumo

OBJETIVO: Avaliar o impacto de ser filho único sobre as caraterísticas de relacionamento com amigos e pais, desempenho escolar, comportamento social e sexual. MÉTODOS: Realizou-se um estudo, incluindo um total de 360 adolescentes identificados no terceiro ano do ensino médio de uma escola privada de Porto Alegre, em 2000 e 2001. Adolescentes do sexo masculino e feminino, com idade entre 15 e 19 anos foram selecionados para participar de um estudo transversal. Um questionário anônimo, pré-testado e auto-administrado foi preenchido em sala de aula com dados demográficos, educação dos pais, ordem de nascimento (filho único, primogênito e não primogênito), tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas, uso de drogas ilícitas, desempenho escolar, comportamento social e sexual e outras características. RESULTADOS: Identificaram-se 8% de adolescentes filhos únicos, 35% primogênitos e 57% não primogênitos em uma amostra socioeconomicamente homogênea. Comportamento social, relacionamento com os pais e amigos, prática de esportes, tabagismo e uso de drogas não se associaram com ordem de nascimento. Os filhos únicos menos freqüentemente relataram intoxicação alcoólica (39%) comparativamente aos primogênitos (68,9%; p=0,03) e adolescentes com irmãos (72,3%; p<0,001). Filhos únicos obtiveram melhor desempenho escolar do que os filhos com irmãos (p=0,03). Comportamento sexual diferenciou os filhos únicos devido à idade mais precoce com que iniciaram a atividade sexual e pela menor taxa de auto-identificação como heterossexual, a qual persistiu mesmo após controle para fatores de confusão comparativamente a filhos não primogênitos (p=0,038). CONCLUSÕES: Nossos achados sugerem que ser filho único não está associado com pior desempenho em diversas áreas do desenvolvimento. O impacto da presença de irmãos no desenvolvimento da identificação sexual deve ser explorado em trabalhos futuros.

Referência(s)