
COMPARTIMENTAÇÃO HIDROGEOLÓGICA DA FORMAÇÃO CAPIRU NA REGIÃO NORTE DE CURITIBA-PR, BRASIL
2008; Associação Brasileira de Águas Subterrâneas; Volume: 22; Issue: 1 Linguagem: Português
10.14295/ras.v22i1.17024
ISSN2179-9784
AutoresErnani da Rosa Filho, Marcos Justino Guarda,
Tópico(s)Geography and Environmental Studies
ResumoO número de habitantes da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) aumentou tanto nas últimas décadas sem que tenha havido uma oferta d ́água suficiente para atender a demanda total da população. Já existe um deficit e este tende a aumentar no decorrer dos próximos anos. Uma das formas de minimizar este problema, num espaço de tempo relativamente curto e com baixos investimentos, é através da perfuração de poços tubulares nas rochas carstificadas da Formação Capiru, numa faixa de direção NW-SW que está localizada ao norte da cidade de Curitiba. Esta formação geológica na qual está inser- ida o Aqüífero cárstico de Curitiba, é composta por metadolomitos (carstificados), por filitos e quartzitos e, secundariamente, por filitos grafitosos, metassiltitos e metamargas. Estas rochas são cortadas por um conjunto de diques básicos, principalmente constituídos por diabásios, os quais são derivados das atividades tectono-magmáticas registradas no Mesozóico e cujas espessuras variam de metros a quilômetros (ver Fig. 1). A energia potencial do relevo é caracterizada por um desnível médio de 80 m, atingindo um máximo 200 m, nas proximidades dos vales mais entalhados. O contexto morfoestrutural revela uma compar- timentação onde se verificam massas carbonáticas (rochas carbonáticas calcíticas e dolomíticas) com excelentes condições de porosidade e permeabilidade, limitadas por fronteiras praticamente impermeáveis (cristas de filitos e quartzitos entrecortadas por diques de diabásio), com padrão geométrico tipicamente losangular. A dissolução físico-química ocorre preferencialmente no contato das rochas carbonáticas com os solos que o recobrem e, dentro do maciço rochoso, através de suas fraturas. A extração da água por meio de bombeamento de poços, principalmente quando concentrados numa área restrita, favorece os fenômenos de subsidência do terreno. Neste trabalho estão delimitados os seguintes Sub-compartimentos hidrogeológicos, a saber: Colombo, Almirante Tamandaré, Várzea do Capivari e Cabeceira. No Sub-compartimento Colombo foram cadastradas 14 surgências naturais e existem 14 poços tubulares, cuja vazão média corresponde a 100 m3/h e as alturas potenciométricas variam entre 927 e 990 m de altitude. O volume armazenado em sub-superfície na área do Rio Capivari e do Rio Tumiri é de aproximadamente 14,92 x 106 m3/km3 e de 14,92 x 106 m3/km2 , respectivamente. No perímetro urbano de Colombo é extraído atualmente em torno de 655 m3/h. No Sub-compartimento Almirante Tamandaré, existem 12 poços tubulares com uma vazão média igual a 180 m3/h, sendo que as entradas d ́água produtoras distribuem-se entre 40 e 148 m de profundidade e as cotas po- tenciométricas distribuem-se entre 938 e 940 m de altitude. Existem apenas três nascentes cadastradas neste sub-compartimen- to. Na sede municipal, são operados atualmente quatro poços a uma vazão total de 430 m3/h. No Sub-compartimento Várzea do Capivari, existem seis unidades hidrogeológicas menores, limitadas por cinco diques de diabásio. Os poços, em número de dois, apresentam vazões de até 120 m3/h, as entradas d ́água estão mais próximas da superfície e a cota potenciométrica mais elevada está restrita a 890 m de altitude. No Sub-compartimento Cabeceira estão cadastrados cinco poços tubulares, os quais se distribuem em três unidades morfoestruturais distintas, delimitados por nove diques de diabásio. Existe um poço improdu- tivo (seco) e o poço de maior vazão produz 204 m3/h, sendo que a cota potenciométrica mais elevada está situada a 1031 m de altitude. Em termos de conclusão, pressupõe-se que as águas excedentes (nos períodos mais chuvosos) podem ser injetadas no subsolo como forma de recarga artificial; a área a ser escolhida para esta finalidade deverá levar em conta aspectos como qualidade e quantidade da água da fonte de recarga, a distância entre a fonte e o ponto de recarga, a infra-estrutura existente, os condicionantes ambientais, o uso e a ocupação do solo e os aspectos legais, especialmente relativos ao uso do solo.
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