
Uma nova forma de Coffea
1950; INSTITUTO AGRONÔMICO DE CAMPINAS; Volume: 10; Issue: 1 Linguagem: Português
10.1590/s0006-87051950000100002
ISSN1678-4499
AutoresC. A. Krug, J. E. T. Mendes, A. Carvalho, A. J. T. Mendes,
Tópico(s)Coffee research and impacts
ResumoNos extensos trabalhos de melhoramento do cafeeiro, há 18 anos em realização na Subdivisão de Genética do Instituto Agronômico, tem-se dedicado especial atenção à espécie C. arabica L., pelo fato de todos os nossos cafèzais pertencerem a esta espécie que, sem dúvida, fornece o produto de melhor qualidade. Nas regiões de terras extremamente cansadas, um dos principais fatôres levados em consideração no melhoramento é a rusticidade, caráter êsse, entretanto, encontrado de preferência em outras espécies, tais como o C. canephora e C. Dewevrei, cujos cafés são de má qualidade. A hibridação interespecífica, que poderia reunir em uma só planta caraterísticos de rusticidade e boa qualidade de bebida, tem o inconveniente de dar origem a plantas triplóides, que são estéreis. Daí se deduz que a obtenção artificial de formas que combinassem êsses caraterísticos constitui problema, cuja solução é extremamente demorada. No presente trabalho, apresentam-se os caracteres de uma nova forma de Coffea, encontrada em cafèzal da Fazenda Itaporã, em Terra Roxa, município de Viradouro, que, com algumas ressalvas, oferece a desejada combinação de caracteres. Trata-se, provàvelmente, de um híbrido espontâneo entre C. arabica e C. Dewevrei, com 2n = 44 cromosômios, extremamente rústico e produtivo, cujas sementes fornecem uma bebida que pode ser classificada como boa. Apenas apresenta, como principal defeito, uma auto-esterilidade quase completa. Os seus caraterísticos botânicos são descritos em detalhe. Devido ao seu porte elevado, ramos abundantes e folhas grandes e coriáceas, esse cafeeiro se assemelha ao C. Dewevrei. Os frutos são oval-elípticos, de um vermelho bem escuro quando maduros, e as sementes oblongas, constatan-do-se elevada percentagem do tipo "moca" e "chocha". Quanto à constituição citológica, as pesquisas conduziram à hipótese de este cafeeiro possuir 22 cromosômios de C. arabica e 22 (número diplóide) de C. Dewevrei, o que parece confirmado pelos resultados obtidos nas hibridações com C. arabica. Apresentam-se também algumas informações preliminares sôbre a sua constituição genética, derivadas de um extenso projeto de cruzamentos com espécies e também genótipos diferentes de C. arabica (nana; prpr; FsFs; lrlr; momo; MgMg; ErEr; C-; CtCt; cece; etc). Concluiu-se que a nova forma é extremamente heterozigota, com relação aos fatôres determinantes dos seus principais caracteres morfológicos, e que possui vários alelos dos fatôres conhecidos de C. arabica, apresentando os indivíduos F1, e os "backcrosses" com esta espécie, acentuada predominância dos caracteres da nova forma. A auto-esterilidade predomina nas gerações de "backcrosses" seguidos, já se tendo encontrado, entretanto, plantas razoavelmente auto-férteis. Além de constituir material básico de grande importância para as tentativas de síntese de novos tipos de cafeeiros, a forma em questão também está sendo ensaiada em plantações mistas, intercalando-se o seu clone (cafeeiros enxertados) com fileiras de cafeeiros arábica (bourbon, etc.), que servirão de agentes polinizadores. Conclui-se que a descoberta dêsse cafeeiro, em Terra Roxa, facilitará a solução do problema da formação de novos cafezais em terras extremamente esgotadas.
Referência(s)