Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Nem doente, nem vítima: o atendimento às "lesões autoprovocadas" nas emergências

2009; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SAÚDE COLETIVA; Volume: 14; Issue: 5 Linguagem: Português

10.1590/s1413-81232009000500015

ISSN

1678-4561

Autores

Rosana Machín,

Tópico(s)

Male Reproductive Health Studies

Resumo

Este artigo aborda as concepções e práticas de profissionais de saúde relativas aos casos de "lesões autoprovocadas". Problematiza-se o hiato existente entre sua formação profissional baseada no modelo biomédico e suas práticas de trabalho, nas quais estão presentes dimensões não contempladas pela biomedicina. A referência empírica da pesquisa é um hospital público de emergências na cidade de São Paulo. O estudo de natureza qualitativa foi desenvolvido por meio de observação dos atendimentos, consulta a prontuários médicos e entrevistas com profissionais de saúde. A questão que emerge diz respeito ao modelo de inteligibilidade da doença, baseado no corpo como lócus privilegiado do cuidado, e a doença como um evento de caráter fortuito ou acidental. Contrariamente, as situações de lesões autoprovocadas (tentativas de suicídio, abuso de drogas e álcool) são abordadas como eventos carregados de intencionalidade, resultantes de uma escolha, de uma opção, o que acarreta a não identificação de seus autores como doentes ou vítimas a demandar cuidados.

Referência(s)