
ÉTICA E MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA: UM ESTUDO SOBRE A CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA NO JORNAL GAZETA DO POVO
2008; UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ; Issue: 1 Linguagem: Português
10.5380/ef.v0i1.11758
ISSN2358-7180
Autores Tópico(s)Education and Digital Technologies
ResumoA pesquisa tratou do conceito de infância difundido pelo jornal paranaense Gazeta do Povo e da “qualidadeética” das reportagens analisadas. Foram catalogadas as peças jornalísticas publicadas no mês de novembrode 2000 que grafavam a palavra infância ou similares no título ou nos três primeiros parágrafos, ou ainda asque não se enquadravam neste critério, mas foram consideradas como tratando diretamente da infância. Sobestes critérios, foram analisadas 119 peças. A metodologia de análise foi a proposta por Thompson, constandode três níveis: descrição do contexto de produção, análise de conteúdo, e interpretação e reinterpretação.As questões éticas formuladas por Sánchez Vidal foram utilizadas para interpretação das pautas éticas dasmensagens publicadas sobre infância. Sobre a liberdade, o contexto de produção revela uma influênciaacentuada do poder público local na produção do jornal, e da análise das mensagens não se pode percebero aumento do grau de liberdade das pessoas, pelo contrário, dão mostra de serem restritivas. A análiseda intencionalidade revela que os benefícios econômicos são colocados em primeiro plano, tanto pelaprioridade à publicidade, quanto pela exploração massiva de peças com propostas sensacionalistas. Intençõeslatentes ficaram explícitas pela presença de formas de operação da ideologia nas peças. Os destinatáriosforam tratados de forma homogeneizada, com referências praticamente ausentes a questões de raça,gênero e idade, e sem fomentar a participação. Os valores promovidos pela comunicação forammuito mais instrumentos de passividade e dependência que de bem-estar. A postura sociopolítica doscomunicadores, além de não apresentar a neutralidade, foi alinhada com o pólo de poder, e não com seuoposto. Sobre a metodologia utilizada, as formas de persuasão e difusão ideológica estiveram presentesnos textos. A respeito da consciência moral dos comunicadores, pode-se afirmar que o código de éticados jornalistas não foi seguido. Os dados levantados permitem somente uma aproximação às pautas éticasdos produtores das peças, e à sua responsabilidade. A este propósito, a concepção da linguagem comoprodutora de fatos sociais parece não ser objeto de reflexão.
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