
Ideologia gerencialista e subjetividade do trabalhador no terceiro setor
2013; UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; Volume: 48; Issue: 4 Linguagem: Português
10.5700/rausp1111
ISSN1984-6142
AutoresMário Ibraim Salimon, Marcus Vinícius Soares Siqueira,
Tópico(s)Environmental Sustainability and Education
ResumoNeste artigo, trata-se o impacto de reestruturacoes de cunho gerencialista sobre a subjetividade de trabalhadores em organizacoes ambientalistas do terceiro setor historicamente ligadas a benemerencia, ao humanismo e a luta por direitos. O crescimento dessa populacao organizacional tem gerado competicao por recursos, com a consequente busca por sistemas e modelos gerenciais que possam viabilizar a sobrevivencia de cada organizacao via vantagens comparativas associadas a eficacia, a eficiencia, a efetividade e ao posicionamento de marca. Nesse contexto, percebe-se uma crescente adocao de modelos importados do segundo setor - privado de interesse privado. Elementos caracteristicos do gerencialismo, tais como intensificacao e aceleracao do trabalho, precarizacao das relacoes trabalhistas e primazia do determinismo economico, sao tambem assimilados no processo. Investe-se no culto a excelencia e na mobilizacao psiquica do sujeito como formas de se enquadrar a pessoa como ativo estrategico da organizacao. As praticas decorrentes chocam-se com os valores humanistas geralmente vigentes no terceiro setor, causando conflitos de racionalidade e intrapsiquicos. Desenvolveu-se pesquisa qualitativa e exploratoria, baseada em entrevistas com profissionais de quatro organizacoes ambientais de relevo no Pais, para fazer emergir, por meio da analise do discurso, a percepcao dos sujeitos sobre o fenomeno em questao. Os resultados mostram que a ideologia gerencialista foi, pelo menos nos casos estudados, assimilada pelo trabalhador, que as relacoes de trabalho estao se precarizando em nome da rentabilidade financeira dos investimentos na organizacao, que as estrategias de defesa e adesao implicam sofrimento subjetivo e que o terceiro setor se distancia crescentemente de sua identidade historica de esfera de agenciamento marcada por uma racionalidade substantiva.
Referência(s)