Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Sombra severa: a obra secular de Raimundo Carrero

2013; UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO; Issue: 25 Linguagem: Português

10.12957/soletras.2013.6213

ISSN

2316-8838

Autores

Cristiane Teixeira Amorim,

Tópico(s)

Cultural, Media, and Literary Studies

Resumo

Em Sombra severa , quarto título carreriano, lançado em 1986, o escritor sertanejo incorpora não apenas cartas à narrativa, caracterizando personagens e dando sentido à ficção, como também faz uso – de modo por vezes invertido – de nomes e circunstâncias dos Testamentos. O irmão de Abel, por exemplo, na trama carreriana, apesar de invejá-lo e matá-lo como ocorre no Gênesis , se chama Judas e não Caim. Logo, neste caso, o diálogo se dá não apenas entre a prosa do autor pernambucano e determinada passagem das Escrituras, mas entre Sombra severa e os trechos relacionados a Caim/Abel e Judas/Cristo. Mesclando os universos cristão e pagão, o ficcionista elabora um jogo textual com contínuos desdobramentos interpretativos. Este trabalho procura, portanto, “desembaralhar” parcialmente a trama, pela análise, sobretudo, das inúmeras referências bíblicas que dão corpo ao romance, na intenção última de evidenciar a tese de que o homem (de todos os tempos e lugares) é sempre o mesmo, culpado e inocente, prisioneiro da continuidade cíclica (“correspondência e reintegração”) da existência. O texto de Ormindo Pires Filho, “Elementos religiosos em Raimundo Carrero”, publicado em 1988, no Diário de Pernambuco , também auxilia nesta análise das relações intertextuais que fazem, de Sombra severa , prosa secular – imersa no sagrado e profana –, símbolo da repetição ininterrupta das mesmas ações humanas, motivadas pelos mesmos contraditórios sentimentos, através dos séculos. DOI 10.12957/soletras.2013. 6213

Referência(s)