
O Cadáver, um emblema da morte em “Ápeiron”, de Caio Fernando Abreu
2010; UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; Issue: 5 Linguagem: Português
10.11606/issn.1984-1124.v3i5p62-76
ISSN1984-1124
Autores Tópico(s)Memory, Trauma, and Testimony
ResumoO objetivo do presente artigo é investigar os procedimentos utilizados por Caio Fernando Abreu para a construção das representações da morte em sua obra. Para tanto, tomamos, aqui, o conto “Apeiron”, publicado no livro Inventário do irremediável (1970). No texto, a reflexão sobre a morte, bem como o processo de dissociação a ela ligado, é deflagrada a partir da representação dos estados mentais de um cadáver, espécie de emblema alegórico da finitude humana, uma vez que pode ser visto como uma personificação da morte. Além disso, o caráter emblemático do corpo morto remete, também, ao esvaziamento da vida humana. O conto estabelece uma ambiguidade, especialmente porque a escolha discursiva (indireto e indireto livre) não permite ao leitor vincular diretamente as ideias presentes no texto ao cadáver-protagonista ou ao narrador, levando-o a questionar se o texto é o produto da imaginação deste narrador ou a manutenção insólita da vida mental de um homem morto. Seja a imaginação sobre a morte ou a vivência desta, “Apeiron” se mostra um texto no qual, a partir do processo de morrer, Abreu faz uma reflexão sobre o sentido do ser.
Referência(s)