Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

História, memória e derrisão em Narradores de Javé

2010; Centre de Recherches sur les Mondes Américains; Linguagem: Português

10.4000/nuevomundo.59591

ISSN

1626-0252

Autores

Norma Côrtes,

Tópico(s)

Literature, Culture, and Criticism

Resumo

A História e o passado têm sido objetos de humor na cultura brasileira. Tradicionalmente, os fatos históricos foram temas oficiais obrigatórios para os sambas enredos no carnaval carioca. Os heróis e as glórias do passado que fomentariam os mais sérios sentimentos cívicos foram cantados e ensinados em versos carnavalescos que, irreverentemente, misturavam heroísmo com comicidade. O ápice crítico dessa derrisão apareceu em o Samba do Crioulo Doido — música de Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto) lançada em 1968 que ironizava os efeitos deseducativos da moralidade edificante. Mas além da música, e sem esquecer a longa tradição dos pasquins e caricaturas, as personagens históricas também foram alvos do escárnio no cinema. Foi assim em Carlota Joaquina. A Princesa do Brasil, (1995) filme de Carla Camurati, um dos marcos inaugurais da chamada "retomada" do cinema brasileiro. Mas a brincadeira de desmanchar fronteiras entre realidade histórica e ironia ficcional foi radicalizada em Narradores de Javé (Brasil, 2003, Eliane Caffé). Confundindo vida e arte, esse filme consiste num caleidoscópio com variados graus de narrativas em que verdade e simulacro coabitam em inusitada harmonia. Este artigo explora tais aspectos lúdicos da narrativa histórica e fílmica no Brasil

Referência(s)