A propósito de Redes de relações nas Guianas
2007; UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO; Volume: 13; Issue: 1 Linguagem: Português
10.1590/s0104-93132007000100010
ISSN1678-4944
AutoresPeter Rivière, Denise Fajardo Grupioni, Dominique Tilkin Gallois, Gabriel Barbosa, Renato Sztutman, Rogério Duarte do Pateo,
Tópico(s)Urban Development and Societal Issues
ResumoQuando me aposentei, ha uns cinco anos, decidi que tambem era tempo de parar de escrever resenhas de livros — ao longo de quase 40 anos elas foram muitas, princi-palmente de etnografias sul-americanas. Isto, ate que me chamou a atencao o livro aqui examinado. E provavelmente um erro sair do recolhimento, mas sinto que esse volume merece resposta, especial-mente no Brasil.Devo dizer que a principio iniciei a leitura com alguma predisposicao a favor da coletânea, ja que frequentes vezes reclamei maior enfase em estudos com-parativos nas Terras Baixas da America do Sul, e um volume justamente dedi-cado a isso deveria certamente ser bem-vindo. Mas temo que nao seja esse — conforme explicitarei adiante — o modo de realizar o intento.Os principais objetivos do Projeto Tematico Sociedades Indigenas e suas Fronteiras na Regiao Sudeste das Guia-nas (doravante, PTG) sao enunciados pela coordenadora Dominique Gallois na Introducao ao volume. Sao eles, resumi-damente: 1. superar o recorte localista; 2. superar o recorte etnico; 3. estudar essas relacoes intercomunitarias; 4. su-perar recortes geograficos. Sao intentos admiraveis, ainda que ambiciosos. No entanto, em cada um deles o que se quer realmente superar sao os supostos pecados e as omissoes dos etnografos dos anos 1960 e 1970; nos (sou um desses etnografos) aparentemente nao vimos bem as coisas e estavamos simples-mente errados. O ataque e incessante e soma-se a recusa em sequer considerar as mudancas que ocorreram na regiao no ultimo quarto de seculo. O sucesso um tanto autocomplacente do PTG vem de investir contra um homem-de-palha, um oponente de encomenda. Nao re-conhecer, ou compreender mal, aquilo que esta na literatura resultou em algo designado “tipo ideal” guianense — sociedades minimalistas, voltadas para si proprias, com interacoes externas limita-das. Esta e uma nocao construida pelos membros do PTG; nenhum dos autores por eles criticados utiliza tal conceito, exceto Henley (1996), que fala em “tipo ideal”, porem referindo-se apenas a es-trutura de terminologias de parentesco. Comecarei com alguns exemplos simples do tipo de distorcao que ca-racteriza este livro. Segundo Gallois, em meu livro,
Referência(s)