Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

O comércio de medicamentos de gênero na mídia impressa brasileira: misoprostol e mulheres

2011; Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz; Volume: 27; Issue: 1 Linguagem: Português

10.1590/s0102-311x2011000100010

ISSN

1678-4464

Autores

Débora Diniz, Rosana Castro,

Tópico(s)

Demographic Trends and Gender Preferences

Resumo

Este artigo analisa como a mídia impressa brasileira noticia o comércio clandestino do misoprostol, o principal medicamento para aborto. Foram recuperadas 1.429 notícias, de 220 veículos de informação impressos e eletrônicos, entre 2004 e 2009. A análise foi realizada em 524 notícias de 62 veículos impressos regionais e nacionais. O misoprostol é pauta permanente, mas o enquadramento das notícias é policial, diverso do aborto como uma questão religiosa, política e de saúde pública que domina a mídia brasileira. O misoprostol está inserido no mercado ilegal de medicamentos de gênero, tais como os para emagrecimento, disfunção erétil ou anabolizantes. Sessenta e quatro (12%) notícias impressas apresentam histórias de vida de mulheres que abortaram com o misoprostol. As mulheres têm de 13 a 46 anos e sua inserção de classe demarca diferentes experiências de aborto. Três personagens foram identificados nos itinerários de aborto: amigas, intermediários e médicos. As histórias de aborto tardio são confundidas com a tipificação penal do infanticídio e são casos-limite para a narrativa midiática.

Referência(s)