Artigo Acesso aberto Revisado por pares

Avaliação dos níveis séricos de cortisol e dehidroepiandrosterona em pacientes com malária por Plasmodium falciparum não-complicada

1998; Brazilian Society of Tropical Medicine; Volume: 31; Issue: 2 Linguagem: Português

10.1590/s0037-86821998000200014

ISSN

1678-9849

Autores

Rosana Maria Feio Libonati,

Tópico(s)

Malaria Research and Control

Resumo

O objetivo desta pesquisa foi avaliar o comportamento dos niveis sericos de cortisol e dehidroepiandrosterona (DHEA) em pacientes com malaria por Plasmodium falciparum. Como o cortisol apresenta um efeito imunossupressor e o DHEA um efeito imunoestimulador, estudou- se a correlacao entre os niveis destes esteroides e a condicao clinica do paciente de malaria. A amostra constou de 24 pacientes com malaria por P. falciparum nao-complicada, sendo 18 do sexo masculino e 6 do sexo feminino, com idade variando de 15 a 47 anos, 12 primoinfectados e 12 multi-infectados, provenientes de area endemica de malaria da Amazonia. Coletaram-se amostras diarias de sangue de 20 em 20 minutos no pre-tratamento (D0), 24 horas apos o inicio da medicacao (D1) e no 8o dia de acompanhamento (D7), quando o paciente ja se encontrava assintomatico. Todos os pacientes apresentavam parasitemia negativa em D7. Dosaram-se: os niveis sericos de cortisol em D0, D1 e D7; DHEA em D0 e D7; os niveis de anticorpos totais IgG anti-P. falciparum, anti-P. vivax, e anticorpos IgM anti-P. falciparum em D0. Comparam-se os niveis sericos de cortisol dos tres dias, concluindo-se que os niveis de cortisol eram significativamente mais elevados em D0 do que nos outros dias. Foram correlacionados os niveis de cortisol com a parasitemia, obtendo-se como significativas as correlacoes entre cortisol D0 e parasitemia D1, assim como cortisol D1 com parasitemia D1, levando-se a deduzir que o cortisol pode interferir na resposta inicial a terapeutica de pacientes com malaria por P. falciparum. O cortisol foi correlacionado com a temperatura, tempo de evolucao da doenca, niveis de anticorpos IgG anti-P. falciparum, nao se obtendo resultados estatisticamente significativos, levando a inferir que a temperatura nao interfere nos niveis de cortisol e o mesmo nao interfere nos niveis de anticorpos, e nao apresenta variacoes importantes com o tempo de evolucao da doenca. Os niveis de DHEA em D0, foram significativamente mais elevados do que em D7, apesar dos pacientes estarem sintomaticos ha mais de um dia, ja que um estimulo mantido do eixo hipotalamo-hipofise-adrenal (HPA) leva a uma diminuicao deste esteroide. O DHEA foi correlacionado com a parasitemia obtendo-se um resultado significativo na correlacao DHEA D0 com parasitemia D1. A correlacao entre cortisol e DHEA em D0 nao foi significativa (p = 0,057), porem este resultado leva a crer que o DHEA acompanha o aumento dos niveis de cortisol. Obteve-se uma correlacao negativa entre DHEA e tempo de evolucao de doenca, apesar destes niveis estarem aumentados no pre-tratamento. Calculou-se a correlacao parcial entre cortisol, DHEA e temperatura, concluindo-se que a temperatura interfere positivamente na correlacao cortisol e DHEA. Uma vez que a febre reflete o momento em que ocorre a lise das hemacias secundaria a esquizogonia, provavelmente esta lise com consequente liberacao de citocinas serve como um fator agudizador da estimulacao do eixo HPA, sugerindo que a liberacao dos dois hormonios apresenta mecanismo comum. A correlacao entre DHEA e anticorpos nao foi significativa, portanto o DHEA nao deve interferir na producao de anticorpos de pacientes com malaria por P. falciparum.

Referência(s)