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Alterações cardiovasculares na anemia falciforme

1998; Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC); Volume: 70; Issue: 5 Linguagem: Português

10.1590/s0066-782x1998000500012

ISSN

1678-4170

Autores

Wolney de Andrade Martins, Evandro Tinoco Mesquita, Delma Maria da Cunha, Anelise Hagen Ferrari, Luiz Augusto de Freitas Pinheiro, Luiz José Martins Romêo Fo, Raul Carlos Pareto,

Tópico(s)

Folate and B Vitamins Research

Resumo

A anemia falciforme (AF) é uma hemoglobinopatia hereditária atribuída a uma lesão molecular específica, que é a troca do ácido glutâmico por valina no 6º resíduo da cadeia beta da hemoglobina 1 .Desta troca resulta a polimerização da hemoglobina em longas fibras formando um gel, o que torna a hemácia rígida e em forma de foice, diminuindo então sua flexibilidade e dificultando, conseqüentemente, sua passagem através da microcirculação 2 .Estudos de biologia molecular identificaram a origem africana deste polimorfismo genético.Há diversos halótipos nas diferentes regiões da África.Os processos migratórios e de colonização levaram a exportação do gene para os povos mediterrâneos e americanos.Na população brasileira, predomina o halótipo CAR beta s como resultado da importação de Angola e do Congo.Com a intensa miscigenação racial, no Brasil, o paciente com AF pode variar do fenótipo de olhos verdes e cabelos loiros ao negro.Na região metropolitana do Rio de Janeiro, encontram-se entre 12 a 14,4% de falcêmicos brancos 3,4 .A AF deve ser considerada problema de saúde pública no Brasil, especialmente nas regiões norte e nordeste 5 : 1º, por se tratar da doença hereditária de maior prevalência 6 .A hemoglobina S (HbS) chega a freqüência de 7,6% da população do nordeste do Brasil, composta de 82% de negros e mulatos 7 .A forma homozigota manifesta-se entre 0,1 a 0,3% da população; 2º, pelo diagnóstico tardio, feito geralmente na adolescência, quando são evidentes as lesões em diversos órgãos, como coração, baço e rins.Por interferir na vida escolar de 28,7%, e na vida profissional de 62,5% dos doentes, acarretando dependência financeira aos responsáveis ou ao Estado; 3º, pela alta morbimortalidade, levando, no Brasil, a uma vida média de 16,4±12,1 anos 8 .Apresenta uma expectativa de mortalidade 17 vezes maior que a população normal 9 .Certamente não foi por acaso que a primeira descrição da AF tenha sido feita por um cardiologista.James Herrick relatou, em 1910,

Referência(s)