Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Romantismos, Realismos e anticlericalismos em Amor de perdição (Camilo Castelo Branco)

2013; UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ; Volume: 87; Issue: 1 Linguagem: Português

10.5380/rel.v87i1.31051

ISSN

2236-0999

Autores

Antônio Augusto Nery,

Tópico(s)

Literature, Culture, and Criticism

Resumo

O crítico Joel Serrão (1919-2008), em sua obra Portugueses Somos (s.d), propôs que os autores do Romantismo português, ao aderirem aos princípios das ideias iluministas, transpareceram em seus textos o desejo de preservar a santidade vislumbrada na “essência” do Cristianismo e, ao mesmo tempo, realizaram a denúncia da contraditória prática clerical ao longo da história portuguesa. Serrão explicita que para os intelectuais desse período, os dirigentes católicos deveriam estar empenhados na concretização da nova concepção de sociedade que se desejava, ou seja, os desígnios e objetivos burgueses. Como em terras portuguesas era justamente o contrário disso o que ocorria, as obras literárias românticas traduziram a insatisfação com a atuação da Instituição Religiosa e de seus representantes na sociedade. Levando em consideração os apontamentos críticos de Joel Serrão, pretendemos analisar em que medida tais proposições são condizentes com a obra de Camilo Castelo Branco (1825-1890). Partindo da leitura de Amor de Perdição (1862), averiguaremos as características do discurso anticlerical, focando especificamente a figuração das personagens religiosas presentes na narrativa. Refletiremos também em que medida esse escrito de Camilo dialoga com os textos de seus contemporâneos, particularmente os autores Realistas da Geração de 70, no que diz respeito à difusão de um pensamento anticlerical e antirreligioso por intermédio da ficção. Esperamos com essa análise problematizar a ideia comumente difundida de que a passionalidade é a principal tônica da obra camiliana.

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