
O tácito como conhecimento e seu modo de uso no labirinto organizacional contemporâneo
2008; Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Ciência da Informação; Volume: 13; Issue: 1 Linguagem: Português
10.1590/s1413-99362008000100019
ISSN1981-5344
Autores Tópico(s)Business and Management Studies
ResumoEstudo etnografico compreendendo imersao numa organizacao de medio porte, com sede em Minas Gerais, da area de Tecnologia da Informacao, buscando identificar distincoes relacionadas ao conhecimento tacito e seu uso no contexto de trabalho. A pesquisa realizada buscou colher dados, formular teorias provisorias, criando novos significados, explorando as tensoes entre o conhecimento individual e grupal, entre a intuicao, senso comum e o aprendizado organizacional, questoes inscritas na area da Ciencia da Informacao, no que diz respeito a arena de criar significados internos nas organizacoes, a partir de informacoes varias, do ambiente interno e externo. A Pesquisa envolveu analise de documentos, entrevistas e observacao de campo, numa perspectiva de triangulacao metodologica. Inicialmente, buscouse compreender o ambiente em que o conhecimento tacito se manifestava da maneira como ele e nomeado em documentos, depois pela maneira como os proprios participantes daquele ambiente veem seu cotidiano, descrevem-no, orientam-se nele para realizar as suas atividades diarias, caracterizadas como praticas. O uso do metodo etnografico exigiu que o observador no campo procurasse se orientar atraves daquilo que vai apreendendo nos contatos, conversas e vivencias e, a partir dai, criar categorias que seriam reconheciveis e aceitaveis para aqueles nativos do lugar, em vez de utilizar conceituacoes e categorias preestabelecidas, criadas em outros ambientes artificiais. Da analise dos documentos, surgiram categorias relativas as praticas, as normas, aos significados da empresa. Essas categorias foram consideradas como settings ou como loci, nos quais o conhecimento tacito reside: 1) Uniqueness/singularidade; 2) Modelo de Negocio; 3) Ciclos/historia da empresa; 4) Curticao, alegria,diversao; 5) Hierarquia e do lucro; 6) Aprendizado e formas de compartilhamento. A categorias foram consideradas como pertencentes a distintos polos de conhecimento, os tres primeiros de natureza interna ao negocio, conclusao que leva ao cerne de pesquisas recentes feitas em administracao estrategica, na chamada Visao da Empresa Baseada no Conhecimento, que considera o conhecimento como o principal ativo estrategico de uma organizacao. E os tres ultimos ligados a externalidades, que favorecem mais do que fundam a existencia do negocio e se inscrevem na discussao sobre politicas de RH, ligadas ao contexto capacitante. Essas categorias, ao confrontadas, sao vivenciadas na empresa como antagonicas, proposicoes que chegam a conclusoes opostas, entre as quais a empresa deve fazer escolhas. Numa perspectiva compreensiva, percebemos a tendencia de resolucao desses aparentes dilemas, como se representassem um problema e, portanto, fossem passiveis de uma solucao final. O paradigma mecanicista impede, muitas vezes, o tensionamento e a conciliacao entre controle e liberdade, estabilidade e mudanca, coesao e diversidade, comuns nas organizacoes contemporâneas e encontradas na empresa pesquisada. A opcao por vezes exagerada pelo registro, pelas regras, leva a asfixia e empobrecimento do conhecimento tacitoexistente. No entanto, ha conciliacoes possiveis no estimulo e cultivo das comunidades de pratica e ainda no uso ampliado de linguagens hipertextual, tal como a encontrada na wikipedia, solucoes que remetem ao conceito de complexidade e que fogem de visoes contemporâneas simplificadoras.
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