
O discurso sobre a alimentação saudável como estratégia de biopoder
2014; UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO; Volume: 24; Issue: 4 Linguagem: Português
10.1590/s0103-73312014000400016
ISSN1809-4481
AutoresFabiana Bom Kraemer, Shirley Donizete Prado, Francisco Romão Ferreira, Maria Claudia Veiga Soares de Carvalho,
Tópico(s)Food, Nutrition, and Cultural Practices
ResumoO artigo traz reflexões sobre a noção de alimentação saudável, produzida no imaginário social na sociedade ocidental contemporânea, orientada por uma concepção de saúde reduzida à busca de cura ou prevenção da doença. Subsídios teóricos das Ciências Sociais e Humanas propiciaram melhores condições para compreender a alimentação como temática intersticial de articulação entre o biológico e o psicossocial. Destacamos a alimentação saudável derivada da racionalidade científica moderna e de normatividade geral e problematizamos a discursividade da promoção da alimentação saudável a partir do conceito de biopoder de Foucault. Não negamos o valor das evidências epidemiológicas sobre a relação direta entre alimentação e adoecimento e reconhecemos que conhecer é melhor do que ignorar quando é preciso agir. No entanto, por entendermos que para o (re)estabelecimento da saúde, em nutrição, é necessário mais do que prescrever nutrientes e alimentos, acreditamos que não devemos normatizar a alimentação e olhar para a informação científica como algo absoluto. Instrumentos conceituais e fundamentos teóricos que não estão no "verdadeiro" do discurso biológico fazem-se necessários nas proposições sobre a alimentação saudável, uma vez que interesses políticos e econômicos dos setores hegemônicos ligados à dimensão biomédica não deixam muito espaço para a discussão das questões psíquicas e sociais
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