Democracia maquiaveliana: controlando as elites com um populismo feroz
2013; Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília; Issue: 12 Linguagem: Português
10.1590/s0103-33522013000300010
ISSN2178-4884
Autores Tópico(s)Education and Public Policy
ResumoEste ensaio demonstra que o pensamento político de Maquiavel lida com as deficiências de dois polos opostos da teoria democrática contemporânea. Assim como fazem as abordagens formais ou minimalistas, ele especifica mecanismos eleitorais para o controle das elites; e de modo similar às abordagens da cultura substantiva ou cívica, encoraja modos mais diretos e robustos de participação popular. Com base nisso, seleciono aspectos dos Discursos de Maquiavel que proporcionam uma teoria da democracia na qual a população escolhe as elites que assumirão o poder, mas também as patrulha constantemente por meio de instituições e práticas extraeleitorais, como os tribunos do povo, as denúncias públicas e as petições populares. Maquiavel acrescenta a essas características do governo popular uma dimensão cultural importante: o povo deve desdenhar as elites, desconfiar delas e enfrentar ativamente a injustiça inevitavelmente acarretada pela elite governante. Finalmente, exploro as ramificações dessa teoria para os debates sobre a responsabilidade das elites na teoria democrática contemporânea.
Referência(s)