Artigo Acesso aberto Revisado por pares

Habitus, reflexividade e neo-objetivismo na teoria da prática de Pierre Bourdieu

2013; National Association of Post-Graduate Research in Social Sciences; Volume: 28; Issue: 83 Linguagem: Português

10.1590/s0102-69092013000300004

ISSN

1806-9053

Autores

Gabriel Peters,

Tópico(s)

Social Representations and Identity

Resumo

A tentativa de superação da dicotomia subjetivismo/objetivismo está na raiz da perspectiva praxiológica de Bourdieu, cujo cerne é a relação dialética entre condutas individuais subjetivamente propelidas por disposições integradas em um habitus, de um lado, e estruturas objetivas ou "campos" de relações entre agentes diferencialmente posicionados e empoderados, de outro. No entanto, esta abordagem tem sido retratada por críticos como uma versão sofisticada de neo-objetivismo e não como uma teoria sintética satisfatória da relação agência/estrutura. O artigo avalia o sentido desta crítica, argumentando que ela é parcialmente justificada e defendendo a tese de que a principal fonte do neo-objetivismo na obra de Bourdieu deriva de sua ênfase, valiosa porém unilateral, sobre o caráter tácito ou "pré-reflexivo" da operação do habitus, a qual leva-o a uma teorização negligente quanto à significação agêntica da consciência reflexiva do ator. Com base nesse diagnóstico, o texto delineia, por fim, alguns percursos teóricos pelos quais o esquema analítico bourdieusiano pode ser orientado para um tratamento mais genuinamente dialético da interdependência causal entre ações individuais e estruturas sociais.

Referência(s)