Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

A histórica visita de Marie Curie ao Instituto do Câncer de Belo Horizonte

2001; Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem; Volume: 34; Issue: 4 Linguagem: Português

10.1590/s0100-39842001000400002

ISSN

1678-7099

Autores

Sandro Santos Fenelon, Sidney de Souza Almeida,

Tópico(s)

Science and Education Research

Resumo

Na decada de 20, a preocupacao com o aumento da mortalidade por câncer no Brasil levou medicos e professores a procurarem o entao presidente da Republica, Arthur Bernardes, que ja havia sido governador do Estado de Minas Gerais, com a intencao de sensibiliza-lo sobre a necessidade da construcao de um hospital especializado no tratamento da doenca. O resultado do pedido foi a construcao e inauguracao, em 1922, do Instituto do Radium em Belo Horizonte, primeiro centro destinado a luta contra o câncer no Brasil. Apesar da inauguracao oficial, somente no ano seguinte o hospital passou a funcionar regularmente. Criado como fundacao autonoma, o Instituto tinha por objetivo estudar o radium e os raios X, e tambem a tarefa de divulgar a doenca ao publico, realizar pesquisas cientificas, realizar o tratamento do câncer e de afeccoes pre-cancerosas. Para a criacao do Instituto, a participacao do Prof. Eduardo Borges da Costa foi fundamental. O entao diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) conseguiu sensibilizar as autoridades a custear o projeto. Estima-se que o Instituto tenha custado ao Estado, na epoca, cerca de 1.300.000 reis ou 2.200.000 francos. A primeira administracao foi constituida pelo diretor Prof. Borges da Costa, vice-diretor Prof. Samuel Libânio e secretario-tesoureiro Dr. Levy Coelho. O servico de Roentgenterapia era chefiado pelo Dr. Jacyntho Campos e o de Curieterapia (irradiacao dos tumores atraves de agulhas de platina carregadas de radium) pelo Dr. Mario Penna. O conjunto era dotado de um belo estilo arquitetonico e ocupava os fundos do Parque Municipal e parte da area da Faculdade de Medicina, em um terreno de 2.000 m2. O hospital possuia 120 leitos, distribuidos por 12 salas de enfermaria, para os pacientes sem recursos, e 12 apartamentos com um ou dois leitos cada para pacientes particulares. Alem disso, tinha varios setores como laboratorios de pesquisa clinica, anatomia patologica, microbiologia e quimica biologica. Existiam ainda salas de cirurgia, sala para cursos, biblioteca e um museu. Anexo ao hospital, estavam os servicos ambulatoriais de urologia, ginecologia, cirurgia geral, dermatologia e otorrinolaringologia, todos destinados ao atendimento de pacientes externos. Tal era a importância do Instituto, que ele ganhou destaque no La Presse Medicale, importante jornal medico frances, da epoca (Figura 1). Um momento marcante da historia do Instituto foi representado pela visita de Marie Curie e sua filha Irene, em agosto de 1926. No dia 17 de agosto, apos longa

Referência(s)