Sur les deux bords de l'Atlantique Sud
1950; SciELO; Volume: 1; Issue: 2 Linguagem: Português
10.1590/s0100-42391950000200002
ISSN2317-6288
Autores Tópico(s)Marine Biology and Ecology Research
ResumoNeste trabalho, trata o autor da fauna e da flora das orlas do Atlântico Sul em que se situam o Brasil e a Africa Ocidental. Sobre ambas, com justa razao, se tem procurado evidenciar, frequentemente, a semelhanca existente quanto ao aspecto geologico. Em relacao a fauna e a flora terrestres e de agua doce, recorda o autor que essa semelhanca nao ultrapassa o limite de familias, nada de comum existindo, nos dois continentes, quanto a generos e especies. Por outro lado, porem, a fauna e a flora das duas margens do Atlântico sao muito parecidas, havendo mesmo, nesse habitat, numerosos generos e especies em comum, conforme se depreende da relacao constante a pag. 30. Apezar disso, existem divergencias bastante acentuadas, capazes de permitir, como de fato acontece, que se considere as duas regioes como biogeograficamente distintas. A fauna das costas brasileiras do Norte, ate a latitude do Rio de Janeiro, e integrada pelos remanescentes de uma fauna tropical rica, proveniente do mar de Tethis, do inicio do Terciario. Em altas latitudes, deu-se, Quaternario medio, a invasao de aguas austrais do Nereis, que trouxeram consigo formas de aguas frias. De maneira diversa, a fauna da Africa ocidental perdeu o seu carater tropical, tanto Norte como Sul, exibindo representantes faunisticos de zonas temperadas. A fauna da costa ocidental africana e muito pobre, fato esse que pode ser explicado a luz da historia geologica da regiao e em iace da situacao fisiografica e hidrologica atual. Ha numerosos exemplos da assimetria reinante nas duas margens do Atlântico, dentre os quais se podem citar os seguintes: a) precipitacoes muito mais abundantes Atlântico ocidental, umido, em confronto com o oriental seco; b) cor mais azulada do Atlântico ocidental, fato relacionado com a salinidade, com a riqueza do plancton e com a produtividade das aguas: c) salinidade muito maior nas margens ocidentais; d) a zona quente (25oC. em media) e muito mais extensa nas costas ocidentais; e) existencia de numerosas anomalias termicas superficiais Atlântico ocidental; f) diferencas de correntes maritimas nas duas margens do Atlântico. Apezar das profundas divergencias constatadas em ambas as margens, lembra o autor que desde o seculo XV , o Atlântico tornou-se um meio eficiente para se promover relacoes entre o Brasil e a Africa do Sul. Afirma, assim, que novas ligacoes devem unir, presentemente, os paises limitrofes de um mesmo oceano. Os navios negreiros de outrora devem ser substituidos por barcos oceanograficos, visando o estabelecimento de relacoes amigaveis e de uma fecunda colaboracao. Diz ainda o autor que, para serem eficientes, as pesquisas oceanograficas levadas a cabo nas duas orlas de um mesmo oceano, devem ser realizadas sincronica e paralelamente. Os meios tendentes a alcancar tal objetivo ja se esbocam desde que - diz o autor - no Brasil inicia-se tal trabalho atraves do Instituto Paulista de Oceanografia, e, na Africa Ocidental funciona o Institui; FrancaiS i'Afrique Noire que ja possue uma seccao de Oceanografia e de biologia marinha, com um laboratorio instalado na ilha de Goree perto de Dakar e outro nas cercanias de Abidjan (costa do Marfim) oara estudo das lagunas. Julga, portanto, o autor que se torna imperiosa a manutencao de relacoes cordiais e de intercambio entre os pesquisadores dos dois lados do Atlântico, afim de que chegue o dia em que se realizem cruzeiros oceanograficos em comum, com trocas de cientistas. Pensa o autor ser extremamente interessante desenvolver a oceanografia Brasil, pois a sua regiao atlântica e uma das menos conhecidas, podendo-se, atraves da pesquisa, obter resultados importantissimos, tanto sob o ponto de vista da ciencia pura como que respeita a exploracao racional das riquezas marinhas. Recorda ainda o autor que existe uma descricao das embarcacoes dos Azenegues, da costa do Sahara, de autoria de um cronista do seculo XV I que lembra muito as jangadas brasileiras. Provavelmente, existe, ci um problema etnografico, de palpitante interesse, mas que, na sua opiniao, representa antes um simbolo da colaboracao tecnico-cientifica que, segundo o seu parecer, deve ser mantida entre as duas margens do Atlântico.
Referência(s)