Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Preservação e desenvolvimento

2005; CENTRO BRASILEIRO DE ANÁLISE E PLANEJAMENTO; Issue: 73 Linguagem: Português

10.1590/s0101-33002005000300017

ISSN

1980-5403

Autores

Ana Beatriz Miraglia, Rui Sérgio Sereni Murrieta,

Tópico(s)

Environmental Sustainability and Education

Resumo

Os custos ambientais gerados pelo desenvolvimento industrial das sociedades humanas têm sido uma preocupação desde o século XIX.Contudo, foi a partir da década de 1980, sob a égide do desenvolvimento exponencial da revolução tecnológica e seus efeitos desastrosos na biosfera, que os países centrais e agências multilaterais foram forçados a refletir sobre a formulação de uma racionalidade alternativa ao industrialismo.O termo "desenvolvimento sustentável" é produto desse debate e se popularizou no final da década de oitenta com a publicação do Relatório Brundtland 1 .Paralelamente, no mesmo período, a noção "etnodesenvolvimento" apareceu com a função primordial de sublinhar a necessidade de respeitarem conjunto com as considerações ambientais -a diversidade sociocultural 2 .São esforços que vêm tentando articular em um único paradigma preocupações tanto ambientais e conservacionistas quanto sociais e políticas, sem abrir mão da perspectiva de desenvolvimento econômico.No entanto, historicamente, nos debates ambientais as diferentes posturas éticas acerca da convivência entre conservação ambiental e sociedades humanas não caminham em direção a soluções integradas.Em outros termos,o debate tem sido tenso quando atitudes éticas ambientais levam a posicionamentos extremos, principalmente no que se refere aos modos de equacionar as variáveis socioambiental, cultural e econômica.Assim,estabeleceu-se a oposição representada por um lado pela ênfase nos usos humanos do meio ambiente como fonte inesgotável de recursos e por outro pela manutenção da integridade ambiental dos ecossistemas sem ponderação de custos socioculturais envolvidos.Nesse embate, foi o segundo posicionamento, que defende a criação de áreas protegidas com exclusão de populações humanas,que se consolidou no mundo ocidental como o principal instrumento de conservação da biodiversidade.Apenas recentemente a possibilidade de integração de grupos humanos na gestão ambiental de áreas protegidas começou a ser considerada e operacionalizada.

Referência(s)