Carta a Elisée Reclus
2009; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS; Volume: 20; Issue: 1 Linguagem: Português
10.1590/s0103-73072009000100014
ISSN1980-6248
Autores Tópico(s)Social and Economic Solidarity
ResumoMeu muito caro amigo. Agradeco-te muito por tuas boas palavras. Jamaisduvidei de tua amizade, este sentimento e sempre mutuo, e eu julgo o teu emrelacao ao meu.Sim, tens razao, a revolucao no momento foi ao leito, recaimos no periododas evolucoes, quer dizer, naquele das revolucoes subterrâneas, invisiveis efrequentemente mesmo insensiveis. A evolucao de hoje e muito perigosa, se naopara a humanidade, pelo menos para certas nacoes. E a ultima encarnacao de umaclasse esgotada, jogando seu ultimo jogo, sob a protecao da ditadura militar mac-mahono-bonapartista na Franca, bismarckiana no resto da Europa.Eu concordo contigo em dizer que a hora da revolucao passou, nao porcausa dos horrorosos desastres dos quais fomos testemunhas e das terriveis der-rotas das quais fomos vitimas culpadas, mas porque, para meu grande desespe-ro, constatei e constato todos os dias que o pensamento, a esperanca e a paixaorevolucionarios nao se encontram absolutamente nas massas, e quando elasestao ausentes, de nada vale fazer esforcos inuteis. Admiro a paciencia e a per-severanca heroicas dos jurassianos e dos belgas estes ultimos moicanos dafalecida Internacional e que, apesar de todas as dificuldades, adversidades,apesar de todos os obstaculos, no meio da indiferenca geral, opoem sua fonteobstinada ao curso absolutamente contrario das coisas, continuando a fazertranquilamente o que eles fizeram antes das catastrofes, quando o movimentogeral era ascendente e o minimo esforco criava uma forca. Trabalho ainda maismeritorio, visto que nao colherao os frutos, mas eles podem estar certos de que
Referência(s)