
Bases experimentais da utilização da cardiomioplastia no tratamento da insuficiência miocárdica
1988; Brazilian Society of Cardiovascular Surgery; Volume: 3; Issue: 1 Linguagem: Português
10.1590/s0102-76381988000100002
ISSN1678-9741
AutoresLuíz Felipe Pinho Moreira, Antônio Carlos Palandri Chagas, Gustavo Camarano, Idágene A. Cestari, Milton Seigui Oshiro, Eduardo Nakayama, Adolfo A. Leirner, Protásio Lemos da Luz, Edgard Augusto Lopes, Noedir Antônio Groppo Stolf, Adib Jatene,
Tópico(s)Cardiovascular Effects of Exercise
ResumoA cardiomioplastia é uma técnica que utiliza enxertos musculares esqueléticos, estimulados síncronamente ao coração, para substituir, ou envolver o miocárdio. O objetivo deste trabalho foi analisar as características contrateis e a resistência à fadiga do músculo grande dorsal normal e estimulado cronicamente, bem como avaliar a eficiência da cardiomioplastia como método de suporte circulatório. Treze cães foram estudados, após condicionamento elétrico do músculo grande dorsal esquerdo, por período de 6 semanas. Sete deles foram submetidos a medida isométrica da força exercida pelos músculos condicionados e pelos controles contralaterais e a estudo morfológico. Os parâmetros ideais de estimulação foram semelhantes para os músculos normais e os condicionados. Os músculos condicionados, constituídos, predominantemente, de fibras de ação lenta, apresentaram uma força de amplitude menor (-27%) e um tempo de contração mais longo (+32%). Por outro lado, as curvas de fadiga dos músculos normais, constituídos de fibras mistas, mostraram a queda inicial da força de contração e valores estáveis, após 30 minutos, inversamente proporcionais à freqüência das contrações, resultando em um mesmo índice tensão-tempo (18 ± 2 kgF. seg/min). Já os músculos condicionados apresentaram um desempenho estável nas mesmas freqüências, mantendo um índice tensão-tempo elevado (68 ± 6 kgF. reg/min). Os outros 6 animais foram submetidos a cardiomioplastia, sendo estudados hemodinâmica e ecocardiograficamente, após a indução de disfunção miocárdica. Com a estimulação síncrona do músculo esquelético, observou-se a elevação do índice cardíaco em 36 ± 4% (p<0,01), associada a queda da pressão capilar pulmonar. O aumento da fração de ejeção foi documentado (51 ± 3%), inclusive quando o enxerto foi colocado apenas sobre o ventrículo esquerdo (p < 0,01). Em conclusão: 1) os músculos esqueléticos são capazes de manter atividade semelhante ao trabalho cardíaco, com um desempenho que depende de sua capacidade aeróbica; 2) a estimulação crônica leva à transformação adaptativa das fibras musculares, aumentando a sua capacidade de trabalho aeróbico; 3) a cardiomioplastia pode ser um método alternativo, no tratamento da insuficiência miocárdica, mesmo quando é possível apenas o envolvimento parcial do coração pelo enxerto.
Referência(s)