Artigo Acesso aberto Produção Nacional

O Trieb de Freud como instinto 2: agressividade e autodestrutividade

2014; Volume: 12; Issue: 3 Linguagem: Português

10.1590/s1678-31662014000300003

ISSN

2316-8994

Autores

Richard Theisen Simanke,

Tópico(s)

Psychotherapy Techniques and Applications

Resumo

O conceito freudiano de impulso ou instinto (Trieb) é reconhecidamente um dos conceitos mais fundamentais da psicanálise. No entanto, seu sentido ainda é objeto de controvérsia. Originalmente definido por Freud num sentido biológico ou quase biológico, sua recepção em muitas das diversas tradições pós-freudianas tendeu, frequentemente, a recusar essa filiação epistemológica inicial. Um dos sinais dessa reorientação doutrinária é a recusa da tradução de Trieb por "instinto" e a preferência pelo neologismo "pulsão", de origem francesa e comum na literatura psicanalítica escrita em várias das línguas neolatinas, inclusive em português. O objetivo deste artigo é criticar essa tendência. Para tanto, são examinados os principais argumentos normalmente apresentados contra uma visão biológica do Trieb freudiano, a saber: 1) a alternativa terminológica entre os termos alemães Trieb e Instinkt e o modo como estes são utilizados por Freud; 2) a crítica freudiana de uma redução da sexualidade humana à função reprodutiva; 3) o conceito de Todestrieb (instinto ou pulsão de morte) formulado por Freud por volta de 1920 e central na etapa final de seu pensamento. Procura-se argumentar que essas formulações não impedem uma interpretação biológica do conceito de Trieb. Essa interpretação, por sua vez, abre uma via de diálogo entre a psicanálise e a biologia, a qual é também enfática e explicitamente defendida por Freud. Uma série de formulações - oriundas, sobretudo, do campo da biologia evolucionária de orientação neodarwinista e da sociobiologia - são discutidas, com o intuito de argumentar pela sua compatibilidade, se não pela sua convergência, com as teses freudianas. A primeira parte deste trabalho introduziu a questão e também abordou o problema da relação entre sexualidade e reprodução na psicanálise e na biologia. Esta segunda parte está dedicada ao problema da agressividade e da autodestrutividade nessas duas áreas do conhecimento.

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