Da militância ao estudo do militantismo: a trajetória de um politólogo. Entrevista com Bernard Pudal
2009; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS; Volume: 20; Issue: 2 Linguagem: Português
10.1590/s0103-73072009000200009
ISSN1980-6248
Autores Tópico(s)Communism, Protests, Social Movements
ResumoBernard Pudal e professor de ciencias politicas na Universite de Paris X - Nanterre - e autor do livro Prendre parti - pour une sociologie historique du PCF (resultado da tese de doutorado que foi premiada pela Chancellerie des Universites de Paris em 1987), a partir do qual esse pesquisador iniciou uma extensa e rica producao intelectual que, entre outras coisas, primou pela preocupacao em nao assumir uma postura analitica restritiva diante das multiplas dimensoes dos processos de politizacao. Sem duvida alguma, e justamente essa maneira de conceber a analise das praticas de militância que da sentido a inclusao de sua entrevista neste dossie. A identificacao os trabalhos de um autor pode criar uma consideravel barreira no momento de saltarmos da proximidade seus textos para a aproximacao com sua pessoa. No entanto, esse realmente nao foi o caso do meu encontro Bernard Pudal, cuja presenca e marcante e calorosa. Seu bom humor e sagacidade sao capazes de aquecer ate mesmo um dia chuvoso e cinzento em pleno inverno parisiense. Tal encontro ocorreu em dezembro de 2008, em uma das sessoes do nao menos caloroso Seminaire Territoires et militants communistes: approches plurielles et comparees, no Centre d'Histoire Sociale du XXe siecle (CNRS-PARIS I). Esse seminario, organizado por Pudal, Claude Pennetier e Bruno Groppo, existe ha onze anos e reune um grupo bastante heterogeneo: de alunos de pos-graduacao a ex-militantes comunistas. Eu arriscaria dizer que as caracteristicas desse seminario e dos seus participantes sao reveladoras da configuracao assumida pelos trabalhos de Pudal - alguns deles escritos em colaboracao os outros dois organizadores do seminario. Trata-se de um seminario de pesquisa amplamente aberto, cujo objetivo central e discutir as experiencias comunistas na pluralidade de seus aspectos, o que tem possibilitado, ao longo de sua existencia, a participacao de numerosos pesquisadores franceses e nao franceses, pertencentes a diferentes niveis da carreira universitaria, cujas analises cobrem um largo espectro de abordagens teoricas e metodologicas. O trabalho de Pudal, como poderemos observar em sua entrevista, poderia identificado como uma sociologia do militantismo comunista na Franca, pautado pelo esforco de compreender a experiencia do engajamento politico em sua complexidade: das condicoes objetivas, concretas, as disposicoes subjetivas, destaque para elementos pouco comuns em analises desse tipo, tal como o papel desempenhado pelo sistema de ensino em determinado periodo historico. Em Prendre parti, livro considerado como um exemplo de metodo, Pudal inova na analise do Partido Comunista Frances, desconstruindo o mito do partido como um suposto ser coletivo, por meio da reconstituicao dos processos historicos, sociais e individuais pelos quais os atores, na sua diversidade, agregam-se e institucionalizam-se em torno de um projeto politico comum. O que apresentamos (eu e ele) em seguida, ou seja, essa conversa em forma de entrevista que versou sobre sua trajetoria pessoal, a opcao pelos objetos de estudo e pelos metodos, assim como a propria problematizacao dessas opcoes, pode tomado como uma breve introducao aos trabalhos de Bernard Pudal. E espero que se torne tambem um instigante convite para que os pesquisadores brasileiros se apropriem de suas pesquisas. [Repris de l'introduction de l'article]
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