
O alcoolismo é uma doença contagiosa? Representações sobre o contágio e a doença de ex-bebedores
2005; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SAÚDE COLETIVA; Volume: 10; Issue: suppl Linguagem: Português
10.1590/s1413-81232005000500027
ISSN1678-4561
Autores Tópico(s)Youth, Drugs, and Violence
ResumoEste artigo busca estabelecer os contornos de uma teoria cultural do contágio a propósito da doença alcoólica. Assim, ao contrário do modelo biomédico, que circunscreve o contágio ao âmbito biológico e fisiológico atestado clinicamente, busca-se refletir sobre as concepções do contágio ligadas a um contexto sociocultural específico, tal como o proposto pela associação de ex-bebedores dos Alcoólicos Anônimos (AA). A partir de pesquisa etnográfica realizada com familiares e membros do grupo Sapopemba de AA, localizado em bairro da periferia da cidade de São Paulo, Brasil, enfatiza-se o papel desta entidade como um espaço privilegiado para o estudo antropológico da experiência do alcoolismo, entendido como uma doença "contagiosa", a partir de um estudo das representações culturais, das práticas sociais e da (re)construção da identidade, ligadas ao par alcoolismo/doença. Com efeito, evidencia-se que, para os membros de AA e seus familiares, as possibilidades de contágio da doença alcoólica estão diretamente ligadas às representações construídas sobre o álcool e o alcoolismo, entendido como uma doença física e moral e a seus efeitos sobre o conjunto de relações sociais - familiares e profissionais -, nas quais o ex-bebedor está envolvido.
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