Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

A carne crua (de um modo poético do pensamento)

2003; Unversidade Federal do Rio de Janeiro; Volume: 5; Issue: 2 Linguagem: Português

10.1590/s1517-106x2003000200009

ISSN

1807-0299

Autores

Alberto Pucheu,

Tópico(s)

Literature, Culture, and Criticism

Resumo

Uma das características daqueles que pensam poeticamente é a confiança nos efeitos da linguagem. Sem a violência de um sentido inesperado sobre a pessoa, sem a coação desse prévio exterior a impor um lance de confusão ao que era interior, sem esse impacto de uma subitaneidade desestruturante das fixidades, não há poético. Nesse lance de confusão, vazador da linha de exclusão entre exterior e interior, nessa instauração de uma zona de mútua permeabilidade, principia o pensamento. No que aqui interessa, tal pensamento poético ocorre tanto nos poetas como nos filósofos que, com aqueles, sulcam um leito de indelimitação entre eles para que um novo fluxo, imprevisível, de múltiplos volumes e velocidades, possa correr. Inventando um dos estilos de pensamento mais fecundos no corte da vida moderna, Montaigne resume alguns dos campos de força de maior intensidade atualizados pelo pensamento contemporâneo. Entre eles, a fragmentação, cuja encenação é decisiva.

Referência(s)