Ventriculectomia parcial: um novo conceito no tratamento cirúrgico de cardiopatias em fase final
1996; Brazilian Society of Cardiovascular Surgery; Volume: 11; Issue: 1 Linguagem: Português
10.1590/s0102-76381996000100002
ISSN1678-9741
AutoresRandas J.V. Batista, José Luiz Verde dos Santos, Marcos Franzoni, A. C. F Araujo, Noriaki Takeshita, Murilo Furukawa, Lise Bochino, Dalton Bertolim Précoma, P. Neri, Lisias Thome, Eduardo Henrique Marques de Oliveira, Rosane Carvalho, Marco Antonio B. Cunha,
Tópico(s)Mechanical Circulatory Support Devices
ResumoA melhora clínica da função cardíaca pós aneurismectomia de ventrículo esquerdo e/ou cardiomioplastia com o músculo grande dorsal parece ser, ao menos parcialmente, devida ao remodelamento do ventrículo esquerdo. Através de pesquisa em nosso laboratório experimental com carneiros, demonstramos que o aumento do diâmetro do ventrículo é mais importante que a perda de massa muscular para a deterioração da função ventricular. Sabendo-se que em miocardiopatia dilatada não ocorre aumento de massa muscular, reduzimos o diâmetro do ventrículo para o normal, em uma série consecutiva de pacientes com esta lesão. No período de 1984 a 1995, foram operados com esta nova técnica, denominada, então, "Ventriculectomia Parcial", 103 pacientes portadores de miocardiopatias complexas e insuficiência cardíaca congestiva (NYHA IV). A operação é baseada na lei de Laplace (T=P.11.D) e consistiu na remoção de uma fatia de músculo da parede lateral do ventrículo esquerdo, iniciando-se na ponta deste, estendendo-se entre os músculos papilares e terminando próximo ao anel mitral. A cirurgia é realizada sob circulação extracorpórea normotérmica e não se utiliza cardioplegia. "Todos os pacientes foram avaliados pré-operatoriamente com ecodopplercardiografia e ventriculografia digital, os quais revelaram fração de ejeção < 20%, confirmando estes pacientes como candidatos ao transplante cardíaco. A maioria era do sexo masculino (n=73) e a idade variou de 19 a 74 anos. As doenças foram: miocardite a virus (n=12); pós miocardioplastia (n=1); doença de Chagas (n=15); doença valvar (n=38); doença isquémica (n=16); idiopática (n=21). Óbitos hospitalares (ocorridos nos primeiros 30 dias da cirurgia) (n=13): embolia pulmonar (n=4); insuficiência renal (n=5); sangramento (n=4). Óbitos tardios (ocorridos depois do 30º dia de cirurgia) (n=10): arritmia (n=6); "insuficiência cardíaca" (n=2); causa desconhecida (n=2); 8 pacientes precisaram ser reoperados por sangramento. Não houve infecção e nenhum paciente precisou balão intra-aórtico. Todos saíram com nitroprussiato e 19 pacientes, com inotrópicos. A ventriculografia e a ecocardiografia pós-op mostraram melhora acentuada da FE (de 100% a 300%). Em conclusão, a nova técnrca "Ventriculectomia Parcial", com o objetivo de reduzir o diâmetro do ventrículo esquerdo, pode beneficiar pacientes em estágio final de cardiopatia dilatada. Este novo conceito pode, na nossa experiência, proporcionar ao paciente melhora clínica significativa e prolongamento de sua vida.
Referência(s)