Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Tafonomia de biválvios em calcários oolíticos da formação Teresina (Bacia do Paraná, Permiano Médio, Prudentópolis, PR)

2010; UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; Volume: 10; Issue: 3 Linguagem: Português

10.5327/z1519-874x2010000300002

ISSN

2316-9095

Autores

Jacqueline Peixoto Neves, Rosemarie Rohn, Marcello Guimarães Simões,

Tópico(s)

Fish biology, ecology, and behavior

Resumo

No presente artigo é apresentado o primeiro estudo tafonômico detalhado de biválvios preservados em calcários oolíticos da Formação Teresina (provavelmente Kunguriano-Roadiano, Permiano Inferior-Médio), na borda leste da Bacia do Paraná. Foram selecionadas duas camadas, informalmente denominadas PRU 1 e PRU 2, em pedreiras do município de Prudentópolis, centro-sul do Estado do Paraná, posicionada aproximadamente no meio da formação, provavelmente na Zona Pinzonella illusa. O calcário de PRU 1 (~30 cm de espessura) é um grainstone oolítico a biválvios, parcialmente silicificado, intercalado em rochas predominantemente pelíticas. Possui contato basal erosivo e topo com ondulações simétricas. É recoberto por drapes de folhelho com gretas de contração. Internamente, a camada carbonática apresenta duas sucessões granodecrescentes caracterizadas por empacotamento denso a disperso das conchas. Apresenta quantidade variável de intraclastos pelíticos e conchas de biválvios caoticamente arranjadas (muitas aninhadas ou empilhadas), com gradação vertical descontínua. Um pouco abaixo do topo são reconhecíveis estratificações do tipo microhummocky. A camada carbonática em PRU 2 (~5 cm de espessura) é um rudstone a biválvios e ooides. As conchas de biválvios encontram-se desarticuladas, algumas fragmentadas e densamente empacotadas. Os biválvios provavelmente viviam em substrato lamoso e foram misturados (como bioclastos alóctonos) com ooides em eventos de alta energia, relacionados a tempestades, incluindo remobilizações posteriores por bioturbação. As camadas carbonáticas de PRU 1 e PRU 2 representam, portanto, tempestitos proximais amalgamados com história tafonômica complexa, forte mistura temporal/espacial de bioclastos e limitada resolução paleoecológica. São exemplos típicos de concentrações fósseis geradas em mar epêirico, não necessariamente conectado ao oceano, onde o baixíssimo gradiente do mergulho deposicional, a subsidência muito lenta e o pequeno espaço de acomodação de sedimentos condicionavam frequentes retrabalhamentos dos sedimentos por processos relacionados a tempestades.

Referência(s)