Formas de representação da marginalidade infanto-juvenil n’Os capitães da areia, de Jorge Amado, e meninos do tráfico, de MV Bill
2014; UMR ESPACE et UMR LISST; Volume: 10; Linguagem: Português
10.4000/amerika.4746
ISSN2107-0806
Autores Tópico(s)Cultural, Media, and Literary Studies
ResumoProponho uma aproximação entre os personagens capitães da areia, de Jorge Amado, e meninos do tráfico, do rapper MV Bill, para discutir as formas de representação da marginalidade infanto-juvenil no romance Capitães da areia (1937) e no rap « O bagulho é doido » (2006), esse último ilustrado pelo documentário « Falcões, meninos do tráfico » (2006), também de MV Bill, em parceria com o rapper Athayde. Jorge Amado representa os meninos pobres e marginalizados de Capitães da areia como uma espécie de sociedade organizada independente, com um líder e funções definidas para cada membro do grupo, à revelia de quaisquer julgamentos e hostilidades externas. Alinhados com os « Capitães da areia », os « meninos do tráfico » também estão distribuídos em uma estrutura social que parece organizada, com funções definidas para cada « falcão ». A figura do « falcão » faz referência a um adolescente que está no tráfico de drogas noturno, embora não seja um sujeito livre, já que está completamente absorvido por um sistema de contravenção, do tráfico de drogas, de quem depende. Dessa forma, o texto provoca inquietação não só pela aproximação entre dois momentos históricos distintos, pela temática violenta, como também pela evidência de um continuísmo político-social que a arte, de forma verossímil, costuma evidenciar.
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