Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Sintomas depressivos e qualidade de vida em indivíduos com epilepsia por esclerose mesial temporal

2005; SciELO; Volume: 11; Issue: 3 Linguagem: Português

10.1590/s1676-26492005000300009

ISSN

1980-5365

Autores

Neide Barreira Alonso, Tatiana Indelicato da Silva, Ana Carolina Westphal, Auro Mauro Azevedo, Luís Otávio Sales Ferreira Caboclo, Rozana Mesquita Ciconelli, Eliana Garzón, Américo Ceiki Sakamoto, Elza Márcia Targas Yacubian,

Tópico(s)

Neurological disorders and treatments

Resumo

Introdução: Dificuldades no trabalho, em relacionamentos interpessoais, familiares e sociais, a percepção do estigma, da discriminação dentre outros têm sido associados aos estados depressivos interictais, influenciando negativamente a qualidade de vida (QV) das pessoas com epilepsia. A depressão tem alta prevalência (20 a 55%) nas epilepsias, sendo vista como o fator mais importante no julgamento do paciente sobre sua QV. Objetivos: Avaliar a ocorrência de sintomas depressivos em pacientes com epilepsia do lobo temporal por esclerose mesial temporal (EMT); estudar a associação entre sintoma depressivo e QV; e entre localização da lesão estrutural e sintomas depressivos. Metodologia: Setenta pacientes com EMT em tratamento ambulatorial, foram avaliados entre junho/2003 e abril/2005. Além da anamnese clínica, exames subsidiários (EEG, vídeo-EEG, RNM), avaliação neuropsicológica, psiquiátrica, todos foram submetidos à avaliação de QV que incluiu uma entrevista semidirigida, o questionário Medical Outcomes Short-Form 36 (SF-36) e o Inventário de Depressão de Beck (BDI). Resultados: Quarenta e dois pacientes (60%) eram do sexo feminino e 28 (40%) do masculino, com média de idade de 37 anos e 26 de duração da epilepsia. Em quarenta (57%) foi constatada EMT à esquerda e em 30 (43%) à direita. Quanto à situação de trabalho, 34 (49%) encontravam-se em auxílio doença/aposentados por invalidez/ou sem qualquer atividade produtiva. Trinta e um (44%) alegaram ser o trabalho a esfera mais prejudicada pela epilepsia. Trinta e nove indivíduos (56%) apresentaram sintomas depressivos com escores mais baixos no SF-36 quando comparados àqueles sem depressão. A pontuação alta do BDI, indicativa de depressão manteve uma associação significante (coeficiente de Spearman: p < 0,001) com todos os domínios do SF-36, com exceção de capacidade funcional (CF). Não houve correlação entre o lado da EMT e os sintomas depressivos. Conclusão: A presença de depressão infuencia o julgamento individual em relação a QV. O uso sistemático de instrumentos de fácil manuseio permitiria a identificação precoce de distúrbios de humor, contribuindo significativamente para a melhoria da QV de indivíduos com epilepsia.

Referência(s)