Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

A construção da diferença sexual na medicina

2003; Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz; Volume: 19; Issue: suppl 2 Linguagem: Português

10.1590/s0102-311x2003000800002

ISSN

1678-4464

Autores

Fabíola Rohden,

Tópico(s)

Gender, Sexuality, and Education

Resumo

O artigo discute o trabalho de alguns autores fundamentais no debate atual acerca da construção da noção de diferença sexual na modernidade, tomando como foco de análise e de ilustração as teses apresentadas à Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro durante o século XIX. O objetivo é problematizar o argumento de que a diferença entre os sexos passa a ser considerada como natural e imutável pela ciência. Essa ênfase na naturalidade estaria relacionada com as transformações ocorridas a partir do fim do século XVIII (crescente industrialização e urbanização, entrada mais efetiva das mulheres no mercado de trabalho, surgimento de movimentos de reivindicação de direitos) que requeriam mudanças nas relações de gênero estabelecidas. Contudo, nota-se que é exatamente por meio das tentativas de provar que a diferença era natural que se pode perceber o quanto ela era instável e ameaçadora. Intervenções como a educação e o trabalho da mulher poderiam alterar e mesmo "perverter" a diferença. Ser natural, portanto, não significava ser definitivo ou estar garantido.

Referência(s)