
FLORAÇÕES DE CIANOBACTÉRIAS TÓXICAS NO RESERVATÓRIO DO FUNIL: DINÂMICA SAZONAL E CONSEQÜÊNCIAS PARA O ZOOPLÂNCTON
2009; UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO; Volume: 13; Issue: 02 Linguagem: Português
10.4257/oeco.2009.1302.09
ISSN2177-6199
AutoresAloysio da Silva Ferrão‐Filho, Maria Carolina S. Soares, Maria Isabel de Almeida Rocha, Valéria de Freitas Magalhães, Sandra M. F. O. Azevedo,
Tópico(s)Aquatic Ecosystems and Biodiversity
ResumoO Reservatório do Funil, situado no vale do Rio Paraíba do Sul, município de Resende (RJ), tornou-se ao longo das últimas duas décadas um ambiente eutrófico, com florações recorrentes de cianobactérias. Este estudo apresenta uma série temporal de dados físicos, químicos e biológicos do reservatório, abrangendo um período amostral de quatro anos (junho/02 a março/06). Mensalmente, foram realizadas medidas de condutividade elétrica, transparência da coluna d'água, temperatura, pH, oxigênio dissolvido, e coletas de água para análise de nutrientes (N e P), clorofila- a , cianotoxinas do seston e do plâncton de rede, e da composição da comunidade fitoplanctônica e zooplanctônica. Foram também realizados testes de toxicidade com cladóceros nativos e de origem temperada. Os resultados mostraram que o elevado e constante aporte de N e P favorece a ocorrência de cianobactérias durante todo ano. Entretanto, a variabilidade temporal está principalmente relacionada às alterações de temperatura, caracterizando dois períodos distintos: quente-chuvoso, com floração de cianobactérias e frio-seco, com reduzidas biomassas. Entre as cianobactérias presentes estão espécies potencialmente produtoras de hepatotoxinas (microcistinas), como Microcystis spp., e de neurotoxinas (saxitoxinas), como Anabaena circinalis e Cylindrospermopsis raciborskii . Foram encontradas concentrações elevadas de microcistinas e saxitoxinas no fitoplâncton e microcistinas no zooplâncton, sugerindo que pode haver transferência trófica destas toxinas na cadeia alimentar. Os testes de toxicidade revelaram que as florações de cianobactérias exerceram efeitos tóxicos para os cladóceros, como alta mortalidade, redução da taxa de crescimento populacional ( r ) e paralisia dos movimentos natatórios, que parecem estar relacionados ao mecanismo de ação das cianotoxinas presentes.
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