
Transtornos mentais, qualidade de vida e identidade em homossexuais na maturidade e velhice
2010; UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; Volume: 37; Issue: 3 Linguagem: Português
10.1590/s0101-60832010000300005
ISSN1806-938X
AutoresAlex de Toledo Ceará, Paulo Dalgalarrondo,
Tópico(s)Gender, Sexuality, and Education
ResumoCONTEXTO: Em nossa sociedade, sujeitos de orientação homossexual (SOHom) têm sido expostos de maneira incisiva a atitudes de discriminação e preconceito. OBJETIVO: Investigar as dimensões saúde mental, qualidade de vida e identidade psicossocial em homossexuais na maturidade e na velhice. MÉTODO: Os sujeitos foram captados pela estratégia "bola de neve". Foram utilizados procedimentos quantitativos e qualitativos com os instrumentos: MINI Plus, WHOQOL-bref, e entrevistas semiestruturadas por meio do inventário de identidade psicossocial. Foram entrevistados 40 SOHom (grupo de estudo), comparando-os a 40 sujeitos de orientação heterossexual (SOHet) (grupo contraste), pareados individualmente por gênero, idade, escolaridade e classe social. RESULTADOS: Verificou-se maior frequência de transtornos mentais no grupo de estudo com 15 (37,5%) casos, em comparação ao grupo contraste, com oito (20%). O risco de suicídio estava presente em três (7,5%) participantes do grupo de estudo. Dos sujeitos no grupo de estudo com algum transtorno mental, 11 (73,3%) não revelavam a orientação homossexual em áreas significativas de sua vida (p = 0,00001). Os sujeitos homossexuais apresentaram melhor qualidade de vida no domínio social em comparação aos heterossexuais. CONCLUSÃO: Os sujeitos homossexuais desta pesquisa revelaram, na maturidade e na velhice, maior frequência de transtornos mentais, porém melhor qualidade de vida. É possível que a homofobia internalizada possa estar associada a dificuldades psicossociais. Sendo assim, pode-se sugerir que a não revelação da homossexualidade e o esforço no curso da vida em ocultá-la talvez representem fatores associados à maior ocorrência de transtornos mentais.
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