Artigo Acesso aberto

Uma Intervenção Terapêutica Sobre Amor do Analista Pelo Paciente: Abordagem Ferencziana

2014; Linguagem: Português

10.5151/medpro-cihhs-10500

ISSN

2357-7282

Autores

Valéria Aparecida Campos Soares Panhoni,

Tópico(s)

Psychoanalysis and Psychopathology Research

Resumo

Uma intervenção terapêutica sobre amor do analista pelo paciente: abordagem ferencziana Introdução:Para o psicanalista Sándor Ferenczi (1932-1997), a experiência traumática representa a dor psíquica em similitude ao sentimento de fragmentação de si, estabelecendo contato com o sentimento de Estar só, que significa a falta de um meio provedor favorável e muitas vezes desumano. Objetivo: expor, através de vinhetas de um caso clínico, vivências de situações traumáticas de um paciente. o transcorrer desse processo de análise tem como importante contribuição terapêutica o amor do analista pelo paciente, que segundo Ferenczi, é possível existir em todas as relações humanas. Método:o estudo foi realizado com um adulto de 27 anos vivendo situação de rua já há dois anos. Atividade trabalhista:“profissional do sexo”atuando como travesti nas noites paulistanas. Os atendimentos de abordagem ferencziana ocorreram semanalmente e com horário agendado, entre 2011 e 2012. Total de 12 encontros. Resultados: dentro das limitações que o caso apresentava, o atendimento mostrou-se de efetiva ajuda ao paciente, principalmente por que possibilitou a formação de vínculo e relação afetiva entre os pares, ajudando o paciente a fortalecer-se egoicamente. a terapia ajudou ainda a promover a neocatarse, ou seja, o paciente conseguiu falar mais sobre os seus sofrimentos, permitindo conhecer melhor sua história de violência e a identificação dos sintomas psicológicos decorrentes dessa violência. a relevância de trazer este caso clínico deve-se a necessidade de se refletir sobre o manejo no setting clínico, no constante atuar do terapeuta. Acredita-se que o olhar mais humanizado do terapeuta sejam ferramentas fundamentais na clínica contemporânea. a estreita relação com o analista,via manejo,conduzem a um ambiente suficientemente bom no curso da análise, como exemplificado por meio deste atendimento. Segundo a concepção winnicottiana, ofertado um ambiente suficientemente bom ao bebê, seu potencial inato aspira desenvolvimento de um self total, vivendo o indivíduo de modo pleno e criativo. Quando há a falta deste ambiente suficiente bom atribuído por Winnicott, o desenvolvimento do ser humano pode ocorrer com prejuízos,desencontros,distorções, assim como as sensações elencadas de que a “vida não tem razão de ser” apresentados pelo paciente deste caso clínico. Conclusões:considerou-se que o descortinar dos danos psíquicos provocados pelos traumas evidenciados na terapia, a manifestação da relevância do acolhimento humanizado no manejo da prática clínica e o genuíno interesse do analista pelo paciente, sua efetiva capacidade de amar o paciente, demonstrando verdadeira disponibilidade afetiva, conferiram ao terapeuta a habilidade de entrar no mundo psíquico do paciente,com seus prazeres e dissabores,cujos sentimentos de exclusão social eram latentes. Esse é o amor maduro atribuído por Ferenczi ao analista. Palavras-chave: violência;Ferenczi;psicanálise;trauma; processo terapêutico.

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