Artigo Acesso aberto Revisado por pares

Febre, Convulsão e Coma em Mulher de 60 Anos Portadora de Doença Reumática Crônica

2002; Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC); Volume: 78; Issue: 6 Linguagem: Português

10.1590/s0066-782x2002000600009

ISSN

1678-4170

Autores

Margleicia Maria Vasconcelos Coutinho, Léa Maria Macruz Ferreira Demarchi,

Tópico(s)

Long-Term Effects of COVID-19

Resumo

Correlação AnatomoclínicaMulher de 60 anos levada ao hospital (19/9/98) devido à febre e convulsão, seguida de inconsciência.Era portadora de cardiopatia reumática crônica, e havia sido submetida à comissurotomia da valva mitral aos 48 e aos 58 anos de idade.Há nove anos fora feito o diagnóstico de diabetes mellitus e hipertensão arterial.Há um ano, iniciou dispnéia desencadeada a esforços menores que os habituais, intensificados há cinco dias, tornando-se constante, persistindo mesmo no repouso e com aparecimento de "chiado no peito", o que provocou o atendimento médico (28/2/98).O exame físico revelou pulso irregular, freqüência de 86 bpm, pressão arterial de 160/ 90mmHg, o exame dos pulmões, estertores crepitantes em bases de ambos os hemitórax, e o exame do coração, bulhas arrítmicas, sopro diastólico em ruflar em área foco mitral +/4+ e sopro sistólico ++/4+ em foco tricúspide.O fígado era doloroso e palpável a 6 cm do rebordo costal direito.Havia edema +/4+ de membros inferiores.O eletrocardiograma (11/3/98) havia revelado fibrilação atrial, freqüência média de 70 bpm, SÂQRS a 0° para trás, sinais indiretos de sobrecarga atrial direita (Peñaloza-Tranchesi) (fig.1).A radiografia de tórax (11/3/98) revelou aumento dos hilos e da trama vascular pulmonar, velamento do seio costofrênico direito e opacificação em campo pulmonar direito.Havia aumento 2+/4+ da área cardíaca.Os exames laboratoriais (11/3/98) revelaram 13,8g/dL de hemoglobina, 42% de hematócrito e os níveis séricos de creatinina de 0,7 mg/dL, de sódio 144 mEq/L e de potássio 3,7 mEq/L.O ecocardiograma realizado em fevereiro/97 revelou diâmetro diastólico de ventrículo esquerdo de 46mm, fração de ejeção de 63%, átrio esquerdo de 52mm, área valvar mitral de 1,7cm², pressão de ventrículo direito, estimada por Doppler de 66mmHg.Havia estenose mitral moderada e insuficiência tricúspide acentuada.A dose de captopril foi aumentada de 75mg para 150mg, a de furosemida reduzida de 40mg para 20mg, mantidas as doses de 0,25mg de digoxina e 250 mg de clorpropamida, e acrescentados 50mg de hidroclorotiazida.Os exames laboratoriais anteriores (29/6/98) revelaram níveis séricos de glicose de 141mg/dL, de uréia 21mg/dL, potássio de 3,4 mEq/L, sódio de 140 mEq/L, triglicérides de 105mg/dL, colesterol de 175mg/dL, HDL-colesterol 37 mg/ dL, LDL-colesterol 117mg/dL e ácido úrico de 5,6mg/dL.O ecocardiograma (29/6/98) revelou espessuras de septo e de parede posterior de ventrículo esquerdo 7mm; diâmetro diastólico de ventrículo esquerdo 45mm e diâmetro sistólico 31mm.A fração de ejeção de ventrículo esquerdo foi 67%; o diâmetro da aorta 27mm e do átrio esquerdo 49mm.O gradiente transvalvar mitral médio foi estimado em 14mmHg e a área valvar mitral (Doppler contínuo) em 1,3cm² e a pressão sistólica de ventrículo direito em 95mmHg.O escore de Block da valva mitral foi de 10: dois para mobilidade, 3 para calcificação; 2 para espessamento e 3 para o aparelho subvalvar.A estenose mitral e a insuficiência tricúspide foram estimadas como acentuadas.Na evolução (27/7/98) houve melhora da dispnéia.A paciente queixou-se de dor no dorso, que piorava com a movimentação, anorexia, perda de 8kg de peso nos últimos quatro meses.A pressão arterial estava elevada (220/ 110mmHg).Foram receitados 0,25mg de digoxina, 100mg de captopril, 50mg de clortalidona, 40mg de furosemida, 10mg de amlodipina e 250mg de clorpropamida.

Referência(s)