Primórdios da poesia em computador - anos 60, 70 e 80 do século XX
2011; University of North Carolina Press; Volume: 51; Issue: 3 Linguagem: Português
10.1353/rmc.2011.0036
ISSN2165-7599
Autores Tópico(s)Music Technology and Sound Studies
Resumo1. IDEALIZACOES DE MAQUINAS TEXTUAIS A historia literaria, considerando em particular a producao poetica, regista algumas experiencias cuja intencao e a de interferir na nocao ocidental de livro, com o intuito de promover uma certa libertacao dos constrangimentos tradicionalmente impostos pela materialidade da escrita. Neste contexto, o recurso a processos criativos alicercados em estrategias aleatorias, combinatorias ou permutacionais tem-se revelado uma das formas de perseguir esse objectivo. 2. OS PRIMEIROS PASSOS DA POESIA EM COMPUTADOR--A DECADA DE 60 Os primeiros passos da poesia em computador registram-se no fim dos anos 50 e no principio dos anos 60 do seculo xx, num conjunto de paises avancados tecnologicamente, nos quais o computador esta ja presente na industria, nos centros de pesquisa e nas universidades. Nos Estados Unidos, no final da decada de 50, Brion Gysin realiza permutacoes, experiencias com gravadores audio e cut-ups, tecnica que tambem se encontra em William Burroughs, com obvia relacao igual mente com a musica concreta e electronica ja bastante cultivada naquela epoca, com a intencao de fazer as palavras falarem por si mesmas, como lembra Jacques Donguy, no ensaio Poesie et ordinateur (13547). Com a ajuda do matematico Ian Sommerville, Gysin compoe um poema permutacional, that I am, a partir de um computador Honeywell, em 1958. Aqui, um conjunto limitado de elementos (palavras), combinados aleatoriamente, sem qualquer restricao estrutural (gramatical ou outra), forma uma composicao textual de dimensao reduzida (verso). A obra resulta naturalmente de uma sucessao de versos que, gerados de forma aleatoria, actualizam multiplas possibilidades de combinacao desses elementos: Figura 1. that I am (1958), de Brion Gysin (in Williams, ed. s/p). I AM THAT I AM I AM I THAT AM I AM AM I THAT I AM THAT AM I I AM I AM THAT I AM AM THAT I AM THAT I AM I AM THAT AM I I AM THATI I AM AM THAT I I AM AM THAT AM I I AM THAT I AM I THAT I AM I AM THAT I I AM AM THAT I AM I AM THAT I AM AM I THAT I I AM AM THAT I AM AM I I AM I AM THAT I AM AM I THAT I AM THAT AM I I AM THAT I AM I AM AM THAT I I AM I AM THAT AM I I THAT AM AM I THAT AM I AM I AM I THAT AM I I AM THAT AM I THAT I AM AM I AM THAT I THAT AM I AM I THAT AM AM I I THAT AM I I AM THAT AM I I AM THAT AM AM I I THAT AM I AM I AM AM I THAT I AM AM THAT I I AM AM I I THAT AM AM I I THAT AM AM THAT I I AM AM I THAT I I I AM THAT AM I I THAT AM AM I I AM THAT AM I I AM THAT AM I I THAT AM AM I I AM AM THAT Por seu turno, Carole McCauley, no seu livro Computers and Creativity (1974), menciona entre as primeiras producoes de poesia em computador as realizadas na Europa, nomeadamente na Inglaterra, com os trabalhos de Alan Sutclife e na Alemanha, com os trabalhos realizados no ambito do grupo de Estugarda, composto por poetas e academicos (Lutz, Nake, Nees, Walther), no geral, inspirados pela estetica de Max Bense e num ambiente de grande interdisciplinaridade. …
Referência(s)