Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Trabalho noturno e risco cardiovascular em funcionários de universidade pública

2012; Brazilian Medical Association; Volume: 58; Issue: 2 Linguagem: Português

10.1590/s0104-42302012000200012

ISSN

1806-9282

Autores

Adriano Marçal Pimenta, Gilberto Kac, Rafaela Rocha Campos e Souza, Luciana Maria de Barros Almeida Ferreira, Salete Maria de Fátima Silqueira,

Tópico(s)

Occupational Health and Safety in Workplaces

Resumo

Estimar a associação entre trabalho noturno e alto risco cardiovascular. Estudo transversal desenvolvido com 211 trabalhadores de ambos os sexos, idades entre 30 e 64 anos, do campus saúde de uma universidade pública do estado de Minas Gerais. O trabalho noturno foi definido como período laboral entre 19h e 7h, e o alto risco cardiovascular foi baseado no escore de Framingham. A associação entre trabalho noturno e alto risco cardiovascular foi estimada pela razão de prevalência (RP) e seu intervalo de confiança de 95% (IC 95%), ajustada por potenciais fatores de confusão e calculada por meio da regressão de Poisson. O trabalho noturno era exercido por 38,4%, e o alto risco cardiovascular foi diagnosticado em 28% da amostra. A hipertensão foi mais prevalente nos trabalhadores noturnos em comparação aos diurnos (p < 0,05). Na análise bivariada, trabalho noturno, categorias passivo e alta exigência da escala de demanda-controle do trabalho, tempo no trabalho > 120 meses, escolaridade ≥ 9 anos, renda familiar ≥ 6 salários-mínimos, obesidade abdominal nível 2 e níveis de triglicérides ≥ 150 mg/dL se associaram ao alto risco cardiovascular (p < 0,05). Após a análise multivariada, o trabalho noturno se manteve associado independentemente ao alto risco cardiovascular (RP = 1,67; IC 95% = 1,10-2,54). A prevalência do elevado risco cardiovascular foi 67% maior entre os trabalhadores noturnos. Essa associação deve ser considerada nas discussões sobre promoção da saúde do trabalhador com relação às modificações no processo de trabalho. To estimate the association between night-shift work and high cardiovascular risk. Cross-sectional study carried out with 211 workers of both genders, aged between 30 and 64 years, working on the health campus of a public university in the state of Minas Gerais, Brazil. Night-shift work was defined as a work shift between 7 pm and 7 am, and high cardiovascular risk was calculated based on the Framingham score. The association between night-shift work and high cardiovascular risk was estimated by the prevalence ratio (PR) and its 95% confidence interval (95% CI) after adjusting for potential confounding factors, calculated by Poisson regression. Night-shift work was performed by 38.4% of the individuals, and high cardiovascular risk was diagnosed in 28% of the sample. Hypertension was more prevalent among night-shift compared with day-shift workers (p < 0.05). In the bivariate analysis, night-shift work, passive and high job strain categories at the demand-control scale, work time > 120 months, schooling ≥ 9 years, family income ≥ 6 minimum wages, level 2 abdominal obesity, and triglyceride levels ≥ 150 mg/dL were associated with high cardiovascular risk (p < 0.05). After multivariate analysis, night-shift work remained independently associated with high cardiovascular risk (PR = 1.67; 95% CI = 1.10-2.54). The prevalence of high cardiovascular risk was 67% higher among night-shift workers. This association should be considered when discussing the promotion of workers' health regarding changes in the work process.

Referência(s)