Artigo Acesso aberto Revisado por pares

RENOLDI, Brígida. 2013. Carne de Carátula. Experiências etnográficas de pesquisa, julgamento e narcotráfico. La Plata: Edições Al Margen. 327 pp.

2014; UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO; Volume: 20; Issue: 3 Linguagem: Português

10.1590/s0104-93132014000300012

ISSN

1678-4944

Autores

Daniel Mí­guez,

Tópico(s)

Latin American Literature Studies

Resumo

primeiro. E por isso que a fabricacao do corpo envolve de maneira tao intensa a etiqueta da linguagem; ainda mais quando a palavra e escrita, um traco que define a existencia das almas e dos entes perigosos do “Outro Lado”.Poder-se-ia dizer que o livro de Pedro Pitarch se ocupa das variacoes na relacao “corpo” e “alma”, obvio. Mas isto nao seria o bastante. Pois corpo, alma, texto, doenca, memoria, santos, perspectiva, tudo isto se encontra em Cancuc dobrado sobre si mesmo, e simultaneamente des-dobrado para o infinito. Pitarch, entao, se ocupa disso: da dobra. Pedra-de-toque da diferenca ontologica entre o “Outro Lado” e este aqui, a dobra e fundo e figura de uma relacao complexa e fractal, projetada para infinitas dimensoes. E da mesma for -ma em que nao e possivel cortar uma fita de Moebius para adivinhar qual dos seus lados estava dentro e qual estava fora, a dobra e acompanhada nas suas dobras e torcoes. Acredito que este e o movimento, alias muito interessante, que o livro pro-poe: sem fragmentar as dobras tzeltales, ocupa-se em seguir suas fronteiras e em multiplicar os olhares possiveis sobre elas, revelando aqueles beija-flores, jaguares e escrivas espanhois que, diante da minima dobra, escapam para nos enfrentar e nos lembrar que sempre fomos “outros”.

Referência(s)