
DO GRIÔ AO VOVÔ: O CONTADOR DE HISTÓRIAS TRADICIONAL AFRICANO E SUAS REPRESENTAÇÕES NA LITERATURA INFANTIL
2013; Associação Sul-Rio-Grandense de Pesquisadores em História da Educação (ASPHE); Volume: 9; Issue: 2 Linguagem: Português
10.22456/1981-4526.43352
ISSN1981-4526
AutoresCelso Sisto Silva, Comissão Editorial Nau Literária,
Tópico(s)Literature, Culture, and Criticism
ResumoApós um levantamento das funções sociais exercidas pelo tradicional contador de histórias africano (genealogista, guerreiro ou testemunha, historiador, porta-voz, diplomata, mediador de conflitos, tradutor-intérprete, instrumentista, compositor, cantor, professor, exortador da coragem em situações de guerra o competições esportivas, transmissor de notícias, condutor de cerimônias, emissário familiar em situações de corte, casamento, tomadas de posse e funerais), o trabalho se propõe a mostrar como esse artista da palavra vai perdendo suas funções na representação que ganha em várias obras de literatura destinadas ao leitor criança, assumindo desde uma voz oculta e às vezes pouco localizável até transformar-se na figura afetuosa do vovô que conta histórias. O artigo faz menção aos registros escritos dos contos africanos de transmissão oral nas coletâneas de contos populares de Silvio Romero, Nina Rodrigues, Arthur Ramos, Câmara Cascudo e Monteiro Lobato em que já se pode reconhecer o “esvaziamento” de algumas funções do narrador oral tradicional, para por fim, demonstrar como autores contemporâneos da literatura infantil, como Rogério Andrade Barbosa e Ondjaki, mais especificamente nos livros da coleção Bichos da África (editora Ática) e A menina das cinco tranças (editora Companhia das Letrinhas) lidam com essa representação. O objetivo maior desta pesquisa é mostrar como a literatura infantil tem, de algum modo, contribuído para dar visibilidade às literaturas africanas de transmissão oral no quadro da cultura brasileira. O corpo teórico que sustenta o trabalho está vinculado às obras do pesquisador americano Thomas A. Hale e do antropólogo Sory Câmara, no que se refere às funções do narrador de histórias tradicional. Para refletir sobre a transferência da espetacularidade contida na performance oral dos narradores tradicionais africanos para o texto escrito, valemo-nos das pesquisas de Frederico Augusto Garcia Fernandes. Para mencionar o conceito de nação, pertencimento e comunidades imaginadas, valemo-nos ainda das ideias de Stuart Hall.
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