Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Figura e fundo no pensamento cigano contra o Estado

2012; UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; Volume: 54; Issue: 2 Linguagem: Português

10.11606/2179-0892.ra.2011.39644

ISSN

1678-9857

Autores

Florência Ferrari,

Tópico(s)

Romani and Gypsy Studies

Resumo

O artigo busca refletir sobre a atualidade e os sentidos da formulação da “sociedade contra o Estado”, de Pierre Clastres, no seio da etnografia que realizei com uma rede de parentes de ciganos Calon no estado de São Paulo. Para além das analogias mais evidentes entre o chefe calon e o líder indígena, e do imaginário de senso comum de uma vida nômade, “fora da lei”, livre das amarras da sociedade, é possível falar, com motivação etnográfica, de uma “socialidade contra o Estado” no contexto calon. Para tanto, é preciso adentrar a etnografia e conhecer categorias fundamentais do pensamento calon, especialmente aquelas que dizem respeito às suas relações com os brasileiros, ou gadje [não ciganos]. Os Calon se pensam imersos no mundo dos brasileiros, a partir do qual se fazem calon. Noções como a de vergonha, ligada ao corpo feminino, e de sozinho, em contraste com a vida entre parentes, aliadas à onomástica e a concepções de tempo-espaço permitem ter acesso ao modo pelo qual os Calon se concebem como pessoas e como socialidade, contra um gadje-Estado.

Referência(s)