
MARCOS ALEGRE – UM PROFESSOR REALMENTE EMÉRITO
2010; Volume: 2; Issue: 10 Linguagem: Português
10.35416/geoatos.v2i10.272
ISSN1984-1647
Autores Tópico(s)Aviation History and Innovations
ResumoO curso e o de Geografia. Criado em 1959, teve sua primeira aula no dia 3 de maio. Muitos professores vieram, entre eles, Marcos Alegre. Lecionou Cartografia e Topografia. Sempre aos sabados. Cada dia da semana havia uma tarefa. As aulas expositivas eram montadas no quadro negro, onde os tracos coloridos resultavam da habilidade das maos com o auxilio de gigantescos esquadros e compassos de madeira. Os graficos, as formulas e as projecoes cartograficas ganhavam forma com os simples tracos de giz, mas o cenario ficou indelevel na memoria. Mercator, Molweide, Lambert, o que dizem esses nomes para nos hoje? Para os alunos, o papel vegetal, o papel milimetrado, a tinta nanking, o tiralinhas, o lapis e a borracha, ate lapis em cores. Os resultados iam dos tracos refinados aos borroes. As folhas eram guardadas pelo professor que, no final do ano, as devolvia aos alunos. As notas finais nao passavam de oito. A perfeicao, para ele, jamais seria alcancada, por isso ninguem merecia a nota dez. Nos sabados a tarde, nas aulas de topografia, era necessario completar, em um ano, a poligonal que representava o terreno medido. O sol escaldante do verao prudentino era mero detalhe. A caderneta de campo ia sendo preenchida com numeros, retas e ângulos. O teodolito tinha que estar calibrado, com as duas bolhas de nivel em posicao correta; o prumo apontando para o marco, fincado no chao, como a espada de Dâmocles; as trenas a postos e a mira falante la longe para mostrar os desniveis do terreno. Foi em 1974 que passei o ano todo monitorando os alunos do primeiro ano do curso de Geografia porque fazia estagio com Marcos Alegre. Mesmo sendo, para ele, insolente, pude aprender muita coisa com a cartografia feita a mao. O professor Marcos Alegre, Marcao como era conhecido, atendia aos alunos pacientemente. Formavam-se filas na porta de sua sala para dirimir duvidas da disciplina e para os desabafos dos alunos. Os atendimentos, no entanto, eram diferenciados. Para os rapazes, o tempo era curto mas, para as mocas, os atendimentos eram mais demorados. Dois anos antes, ele foi o coordenador do I Encontro Nacional de Geografos. Elaborou o logotipo do encontro, cercou-se de um pequeno exercito de futuras geografas, que foram apelidadas de marquetes. Na sala 15 do Docente I, o movimento era intenso, o ritmo era alucinante, como falou certa vez Fernando Salgado. Eram tempos dificeis, se a referencia era a politica. As grandes obras do governo militar foram um dos principais temas do evento. Marcos Alegre foi “convidado” a explicar aos vigilantes da ordem nacional, o significado e o alcance do encontro de geografos. Mais de seiscentos participantes, numa cidade que nao tinha cem mil habitantes, era algo inusitado e preocupante para os militares de plantao. A
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