
Mapeamento do sujeito cerebral na cultura contemporânea
2007; Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); Volume: 1; Issue: 2 Linguagem: Português
10.3395/reciis.v1i2.90pt
ISSN1981-6286
AutoresFrancisco Ortega, Fernando Vidal,
Tópico(s)Linguistics and Education Research
ResumoA pesquisa a que se refere este artigo se propõe a mapear o "sujeito cerebral" na sociedade contemporânea.Chamamos de "sujeito cerebral" a figura antropológica que incorpora a crença de que os seres humanos são essencialmente reduzíveis aos seus cérebros.Nosso foco está nos discursos, nas imagens e nas práticas que podem ser globalmente designadas de "neurocultura".Das políticas públicas às artes, das neurociências à teologia, os humanos são geralmente tratados como reduzíveis a seus cérebros.A nova disciplina da neuroética é eminentemente sintomática dessa situação; outros exemplos podem ser tirados da ficção científica escrita e em filmes; de práticas como a "neuróbica" ou criopreservação cerebral; da neurofilosofia e das neurociências; de debates a respeito da vida e da morte cerebral; de práticas de tratamento intensivo, transplante de órgãos, e aprimoramentos e próteses neurológicas; das áreas emergentes da neuroestética, neuroteologia, neuroeconomia, neuroeducação, neuropsicanálise e outras.Este artigo traça a diversidade de neuroculturas e as coloca num contexto maior, caracterizado pela emergência de "bioidentidades" somáticas que substituem noções psicológicas e internalistas de identidade individual.Tal objetivo foi alcançado não somente através do exame de discursos e representações, mas também de práticas sociais concretas, como aquelas que se formam no movimento politicamente poderoso da "neurodiversidade", ou em disciplinas "neuroascéticas" do self, vigorosamente comercializadas.
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